CO-1898
Garcia, Gerineldo. [Carta] 1951 abr. 30, São Paulo, SP [para] Candido Portinari, [s.l.]. 2 p. [manuscrito]
Prezado Sr. Portinari:
Como está o senhor?
Já faz algum tempo que venho sentindo necessidade de
escrever-lhe para contar-lhe que muitas coisas têm-se passado comigo desde que estive aí.
Aquele pouco tempo que estive com o senhor foram para mim tão importante esclarecimento sobre tudo o que se refere à pintura e ao pintor, que sinto-me agora mais capaz de compreender muitas coisas que antes eram-me impossíveis.
Tenho pensado muito a respeito do que o senhor me falou a propósito da profissão do pintor; estou bastante contente por ter compreendido o bastante cedo que, realmente, o pintor, em sua profissão, assemelha-se muito mais a um ferreiro ou alfaiate, do que propriamente a um intelectual ou literato.
Pude também compreender melhor a importância do trabalho constante e artesanal, quanto ao desenho como base fundamental da pintura.
Na arte tem-se que colocar a pele, dizia Van Gogh; entretanto, confesso, que só consegui alcançar o significado desta frase após ter conversado com o senhor.
Desejo agradecer-lhe por tudo, inclusive pela atenção que o senhor deu a esta.
Atenciosamente
Geri
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