Que os excluídos e os discriminados de todo
modo tenham espaço garantido na edu-
cação, na saúde, enfim, em todos os campos.
Sentidos - Vamos passar para
a
ecologia. Você é presidente
da Fundação Ondazul. Essa
contribuição é uma forma de
tentar salvar o planeta?
Gil: Acho que não é nem uma questão
de salvar. Não é essa perspectiva aflitiva
de uma salvação, como se a gente pen-
sasse em náufragos que estão se deba-
tendo desesperadamente na água. Não é
assim, é como mães que
e cuidam de fi
lhos, elas fazem aquilo natural-
mente, sem nenhum drama, sem
nenhum sentido de urgência.
Fazem aquilo como uma prática
natural, tranqüila, do cotidiano
delas. Atuação no campo da ecolo-
gia, hoje, como na política, faz
parte da cidadania. O exercício
pleno da cidadania, essa questão de
preservar o planeta, conservar os
recursos naturais e, no caso especial,
a água, que é um recurso cada vez
mais ameaçado - e um recurso fun-
damental, estratégico, impor-
tante para a vida humana -, esse
trabalho é um trabalho..., é
como criar filho, é a mesma
coisa. Quer dizer, você des-
de cedo troca as fraldas,
amamenta e educa, e o
menino vai para o mundo. Você sabe
que lá é uma causa perdida, do ponto
de vista da posse, você faz por instinto,
faz porque aquilo é natural.
No CD Kaya n' Gan Daya, Gil
Sentidos - Vamos falar um pou- transformou em samba o reggae origi-
co sobre a Copa do Mundo. Seinal de Bob Marley, Lick Samba. Essa
que você é apaixonado por fu- faixa conta com a participação de Rita
tebol. O que achou da vitória Marley, viúva de Bob Marley. Para os
do Senegal sobre a França? jamaicanos, samba é o nome dado a
(esta entrevista foi feita duran- uma espécie de linguajar caipira, que
te os jogos da Copa)
parece cantado. Com todos os sentidos
Gil: Gostei, gostei muito, porque é de Gil, a associação musical deu samba.
uma seleção de país africano, que par-
ticipa pela primeira vez da Copa.
Também gostei porque os franceses
estavam muito senhores de si, muito
presunçosos, e foi bom, acho que isso
estabeleceu um pouco a realidade, para
eles saberem que são campeões do
mundo, mas que...
Sentidos - Não são donos do
mundo...
Gil: Não são donos do mundo, cles
estão num padrão, basicamente no
mesmo padrão em que todas essas
seleções de ponta estão, eles não são na-
da mais, nada menos.
de samba, com sambas clássicos, sambas
atuais, sambas inéditos, misturar tudo,
sambas de vários tipos, samba da Bahia,
samba do Rio
Sentidos - E para terminar,
qual é o seu próximo projeto?
Gil: Não tenho assim, desse tipo...
Quer dizer, um projeto especial que eu
teria vontade de fazer é gravar um disco
Agradecimentos
Marco Antonio Ferreira Pellegrini participou da
elaboração das perguntas e da matéria e, por
problemas de saúde, não pode acompanhar a
entrevista com Gilberto Gil. Sua colaboração foi
imprescindivel, porque Pellegrini, negro e defi-
ciente fisico, hoje auxilia outras pessoas no
processo de inclusão social.
Edição Ana Maria Fiori
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