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Documents from Gilberto Gil's Private Archive

Instituto Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil
Brazil

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  • Title: Documents from Gilberto Gil's Private Archive
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    isso adoro a imagem oriental, zen-budista, do pássaro que vem e pousa nas madeiras que são levadas pela turbulência do rio cau- daloso. O rio continua turbulento e ele lá, pousado no movimento. Por que você acha que o Rio elege governantes que não dão conta desses problemas? Gil: A politica é particularmente complicada. É difícil explicar por que o Rio elege gover- nantes tão distantes do que seria o espírito carioca. Talvez o fato de ter sido a corte, de ter os hábitos da corte e tudo o que sempre cercou a corte, como o funcionalismo pú- blico, explique o comportamento político do Rio. Talvez uma "síndrome de corte" tenha impedido que surgisse uma nova cidadania necessária e indispensável para uma nova cidade que não é mais a capital do país e sim a capital de si mesma. Mas ao mesmo tempo o Rio continua sendo a capital simbólica do país em muitos níveis. Talvez por isso os partidos aqui não se consolidem como forças políticas reais, realmente ligadas a bases sociais ativas e profundas. Fica um pouco esse arremedo de política que em outros lugares é menos grave, é menos nefasto. Os governantes do Rio foram eleitos. Então não são eles os monstros. Não! (risos). A monstruosidade não pode ser atri- buída a essa identificação dos governantes como os monstros. A monstruosidade não é deles, a monstruosidade é da cidade. É a "monstruo-cidade". (risos) "Nem só de pão vive o homem, Salvador seria mais fácil de governar que o Rio? Gil: Não sei não. Quando eu quis ser prefeito mas a lógica do consumismo é de que tudo é pão. É preciso uma noua mentalidade.” de Salvador, tentei pleitear a candidatura do PMDB. E Miguel Arraes era um dos grandes líderes do PMDB, na ocasião, e eu fui con- versar com ele, com Ulysses Guimarães, com Fernando Henrique Cardoso, com aquele PMDB daquela época que juntava todas essas grandes figuras que depois se espa- lharam por vários partidos. Miguel Arraes me disse: "Olha, qualquer lugar é difícil, mas na Bahia você vai se meter numa encrenca daquelas”. (risos) Encrenca para você, um baiano histórico? Por quê? Gil: Não sei, ele achava... Era uma avaliação Você teria medo de ser candidato nessa cidade? que ele tinha, como pernambucano ali vi- Gil: Um pouco de medo dá, por causa da zinho. Foi aí que, já que não consegui a cidade. candidatura para prefeito, houve uma so- licitação para que eu me candidatasse a vereador. Foi bom, mas não era a minha, não gosto e não tenho perfil para o Legislativo. 27.8.2006 Revista O GLOBO 25
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