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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

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Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
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    CLIPPING SERVICE CLIENTE: Gilberto Gil VEICULO: Jornal do Comércio - Porto Alegre SECÇÃO: Cultura DATA: 01/08/2009 Ao longo de três históricos dias, o festival uniu pacifistas e militaristas, comerciantes e hippies, caretas e junkies e o caos anunciado não apareceu O sonho acabou, quem ndo dormiu de sleeping bag nem sequer sonhou." Entre a música, o sexo e a Lua Gilberto Gil PÁG.: 06 ROBSON DE FREITAS PEREIRA W oodstock aconteceu em agosto de 1969. O que seria inicialmente uma "Feira de Artes" ficou conhecido como o fes- tival de three days of peace and music.". Nun ca tanta gente - pelo menos 500 mil - havia se reunido para celebrar a música e a ideologia de um tempo. Paz - pro- testando contra a guerra em geral e a do Vietna em particular. Amor - sexo podia ser feito com liberdade, contestando a moral puritana e sem temor de doenças fatais , Música o catalisador principal. Um rock que resgatava todas as raízes do folk e do blues e que em 1969 era considerado anunciador de uma nova era - Aquarius. Graças as imagens fotográficas e cinematográficas, o no- me Woodstock e sua trilha sonora preencheramo universo musical e visual de várias gerações O festival estava pensado para se realizar na co- munidade de Woodstock, lugar de longa tradição com as artes. Mas acabou localizado na fazenda de Max Yasgur, Estado de Nova York. Foi a sintese de um momento da história dos EUA e da cultu- ra ocidental. Auge da contracultura e começo do "dream is over". Como todo acontecimento sur- preendente, sua complexidade justifica o núme ro de publicações sobre ele. Só neste ano (2009), podemos relacionar desde relatos de quem esteve is - Woodstock Revisited, de Susan Reynolds, em que 50 depoimentos falam da experiência de par- ticipação no festival. Passando pelo testemunho de Michael Lang, um dos principais organiza- dores, que tenta dar conta do que eles nem ima- ginavamp n provocar em Road to Woodstock. Até mesmo simpósio universitário, em Surrey (UK), Remembering Woodstock, organizado por Andy Bennett, para discutir aspectos sociológicos, mu- sicais, da cobertura de mídia (TV e jornais) e da nostalgia criada em torno de Woodstock. No final dos anos 60, as condiçdes estavam to- das lançadas. A mobilização pelos direitos civis e igualdade racial conquistava espaços. O movi- mento hippie, oriundo de San Francisco, ainda estava presente. Junte-se a isto, as repercussões de maio de 1968 e os assassinatos de Martin Luther SABADO, DE AGOSTO DE 2009 King e Bob Kennedy. As situações contraditórias eram evidentes em 1969 o homem pisava na Lua, simultaneamente os jovens norte-americanos e de outras partes do mundo queriam retomar suas raizes valorizando a ecologia, a literatura e a mú- sica negra. Uma geração inteira, não estava mais disposta a sustentar os ideais que os lançavam numa guerra fria que incluſa lutar contra o co- munismo na Coreia e no Vietna. Os rapazes quei- mavam os papéis do serviço militar e as moças protestavam contra os padrões repressivos de mae e dona de casa. A expressão da sexualidade e a vi- da em comunidade subvertiam a moral da época. Assim como assumir valores trazidos do oriente; a Yoga, a meditação, a comida natural e, além disto, as drogas como um fator de expansão da mente O festival Woodstock sintetizou tudo. Colo- cou lado a lado pacifistas e militaristas, hippiese comerciantes, caretas e junkies numa mescla im- pensável e que contra todas as previsões, não se transformou num caos. Até mesmo chuva e lama se transformaram em ocasião lúdica. Esta foi uma das novidades: 500 mil pessoas se reuniram num lugar com infraestrutura precária durante três dias, solidariamente, sem tragédia. Para sua repercussão, dois fatores foram fun- damentais: a música e o filme. Eles possibilitaram que as imagens e o pensamento Woodstock" in- fluenciassem o mundo. O documentário dirigido por Michael Wadleigh e uma equipe que, entre outros incluía o jovem assistente de direito e montador Martin Scorcese, transformou-se em referência desde então. Os cortes, a edição cuida- dosa das entrevistas, fizeram com que as canções se transformassem em hinos. A performance de grupos como The Who - "See me, feel me, touch me."; Santana, além de Janis Joplin, Hendrix e Joe Friends ainda é lembrada como um tempo em que, além do consumo, a música veiculava uma forma de pensamento No Brasil, com um regime militar vigentes en irreverência da música, o o comprimento dos cabelos era uma forma de protesto. O exercício da sexualidade também. A despeito de uma concordancia, de que as drogas hoje tem um caráter completamente diferente dos anos 60, as controvérsias seguem. Há quem não veja nada interessante naquela estética e acredi- ta que Woodstock foi "uma praga que veio para ficar", até quem afirme que ali se inventou uma forma diferente de fazer política, que está presen- te na queda do Muro de Berlim, na libertação de Nelson Mandela, no Fórum Social Mundial e na massa que se reúne em grandes concertos contra a violencia, pela preservação da Terra ou só para se divertir O relançamento do documentário e mesmo fil- mes novos sobre o evento (Thking Woodstock, de Ang Lee) podem instigar as discussies. Apenas nostalgia, ou uma maneira de inventar o futuro e dizer que a vida vale a pena se a alma não é pequena? *Psicanalista, membro da APPOA. Woodstock, o homem saiu da Terra e pisou na Lua gali O módulo da nava Apollo 11 que colocou dos terráqueos na superfície lunar O sonho e a ressaca de 1969 O ano que embalou o sonho também foi o ano que enterrou o sonho. Em 1969, os sinais da ressaca já eram mais evidentes do que a eu- foria hippie do Paz & Amor Woodstock virava lenda, mas haveria em dezembro um concer to tão grande quanto Woodstock, e que virou pessoas na plateia (e os Rolling Stones no pal- co) presenciaram a gangue dos Hell's Angels assassinarem uma pessoa. - Aqui é Stefan Ponek, da radio KSAN, de San Francisco. A turnê dos Stones acabou Houve quatro partos, quatro mortes e muito tumulto-narrou a rádio. Enquanto o truculento Richard Nixon assu- mia a presidência dos EUA, em janeiro, e os Be- atles faziam seu último concerto (no teto da Ap- ple), a tétrica gangue de cabeludos liderada por Charles Manson assassinava a bela atriz Sharon Tate (e três amigas) com mais de 100 facadas em Los Angeles. Esfacelava-se a utopia das ca- sas abertas, casamentos abertos, bolsos abertos, filhos descalços chamados Moon ou Flower. Estava na hora de começar a enxergar com clareza de novo, sem as vistas turvadas pelo LSD ou a maconha. E foi o que fez o jornalista Seymour Hersh, que denunciou o massacre de My Lai, no Vietna, escancarando o horror da intervenção no Vietna. O futuro batia na porta. A tecnologia desenvolvia-se a bordo da corrida espacial. O mundo assistia pela TV passo de Neil Armstrong na Lua. Logo nascia Stonewall Celebration, primeira marcha pelos direitos dos gays, em Nova York.
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