Ministério da
ano. No
Cultura, os funcioná-
rios comentam que
Gil é um ótimo em-
baixador da cultura
brasileira e que seria
humanamente impos-
sível conciliar as duas
tarefas.
Entre os funcioná-
rios, há quem revele
constrangimento com
os sumiços do minis-
tro da Cultura. "Hoje
em dia, é mais fácil
achar o Gil no You-
Tube. É só digitar
"Tropicalia" ou "Por
Kaya
N'Gan Daya
Europa e África
Em abril, Gilberto Gil entrou em
"férias não-remuneradas" para
apresentar seu CD Gil luminoso
na Europa e nos Estados Unidos.
Ele fez shows na França, Suíça,
Tunísia, Espanha e em Portugal
Portugal e Espanha
Em junho, a turnê recomeçou
em Serpa, Portugal, passando
pela Ilha da Madeira, tendo
sido concluída nas cidades
de Salamanca (foto abaixo)
e Zaragoza, ambas na
Espanha
isso eu vou na casa
dela-aia", brincou um
executivo do Ministé-
rio que pediu para não
ser identificado. Até
entre os artistas, Gil
deixou de ser unanimi-
dade. A atuação do
ministro foi criticada
pelo poeta Ferreira
Gullar, pela cantora
Maria Bethânia, pelo
percussionista Carli-
nhos Brown, pelo can-
tor Lobão e até mes-
mo pelo amigo Caeta-
no Veloso. "No Minis-
tério, o caché dele au-
mentou, ele passa 80%
do tempo fora do Bra-
sil e as pessoas acham
normal. Parece o Roberto Jefferson, um
escândalo como o mensalão. Se ainda es-
tivesse fazendo alguma coisa como mi-
nistro, mas não está fazendo droga ne-
nhuma", disse o polêmico roqueiro Lo-
bão, em recente entrevista.
Desde o início do ano, quando as vi-
agens foram intensificadas, as principais
atividades da Pasta são comandadas pelo
secretário-executivo, Juca Ferreira, pes-
soa da estrita confiança de Gil e que de-
sembarcou com ele na Esplanada em
2003. Ex-líder estudantil, ex-vereador
pelo PV e secretário municipal do Meio
Ambiente de Salvador do governo Lídi-
ce da Mata, Juca não gosta de alardear
poder. Mas tem carta branca do titular
to do Ministério. Pelo
contrário, lhe confere
mais reconhecimento.
O secretário-executivo
diz que essa função, de
ministro e artista,
acontece também em
outros países. E dá o
exemplo do Chile,
onde o ministro da
Cultura é diretor de te-
atro; da Holanda, onde
o cargo é ocupado por
um roqueiro; e da Co-
réia, em que um cine-
asta exerce a função.
Gil, por sua vez, argu-
menta que avisou o
presidente Lula que te-
ria de se ausentar do
País com maior fre-
qüência, em encontro
no Palácio do Planal-
to, em novembro de
2007. Na ocasião, Gil
chegou a anunciar a
decisão de abandonar
o Ministério. "Falei
sobre a necessidade de
me afastar para reto-
mar as coisas relativas
à minha vida artística,
mas aceitei as ponde-
rações do presidente
amparadas por uma
manifestação razoavel-
mente ampla de seto-
res culturais do Brasil
e da população brasi-
leira. Foi isso que me convenceu a con-
tinuar”, justificou o compositor.
Um dos ícones do tropicalismo, mo-
vimento cultural que revolucionou a mú-
sica popular brasileira na década de 60,
Gil vai deixar um imenso legado à cul-
tura nacional. Para tanto, não precisa ne-
cessariamente de cargo no governo, e
muito menos desgastar sua honrada bi-
ografia por dedicar-se mais às turnês do
que ao Ministério da Cultura, uma ati-
vidade pública que requer dedicação di-
ária. Se o governo Lula pretende dar
prioridade à política cultural, até quan-
do vai manter na Pasta um ministro me-
ramente decorativo? Gil é, mas não está
mais ministro da Cultura.
América do Norte
Também no mês passado,
o ministro se apresentou
em Nova York (foto acima),
Michigan, Quebec (Canadá). Em
julho, esteve em São Francisco,
no Colorado e na Florida
Europa, de novo
Depois da turnê americana,
Gil embarca novamente
paraa Europa, onde vai se
apresentar em Girona e Valência,
na Espanha. Depois, ele fará
show em Beitedin, no Libano
para tomar decisões em nome do Minis-
tério. Na terça-feira 1º, foi Juca que, ao
lado do governador de Sergipe, Marcelo
Déda, lançou Estado o programa Mais
Cultura, considerado o carro-chefe da
Pasta. Conhecido como PAC do setor, o
programa prevê a instalação de quatro
mil pontos de leitura em todo o País e
oferece especialização na área de artes
para gestores públicos e privados. No dia
18 de junho, enquanto Gil divulgava seu
disco para uma seleta platéia em Michi-
gan (EUA), Juca discutia com a secretá-
ria-executiva da Casa Civil, Erenice Guer-
ra, o comitê gestor da internet no Brasil,
Juca avalia que o trabalho de Gil
como artista não atrapalha o andamen-
ISTOÉ/2018-9/7/2008