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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

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Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
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    46 Geral > Carnaval 2009 A folia nos calcanhares do Brasil CARLOS ETCHICHURY Órfão da agonizante Califórnia da Canção Nativa, o mais repre- sentativo festival regional do Es- tado, Uruguaiana se entrega ao ritmo da bateria, ao gingado da periferia e à influência carioca. É nos calcanhares do Brasil, às mar- com a Argentina, que emerge o Car- naval de rua apontado como um dos mais importantes do país. Aos poucos, o Carnaval fora de época de Uruguaia- na, que se iniciou ontem e se estende até amanhä, causa uma revolução na cultura local e transforma vidas. Natural de São Borja, José Bonifácio Vargas, 40 anos, soldador de colheita- deiras, troca as oficinas pelos barra- cões no início do ano. Ele transforma em realidade o sonho idealizado por carnavalescos fluminenses. Uma rela- ção nem sempre amistosa: - Che, vêm uns desenhos muito ca- chorros para nós do Rio. Quase sem- pre mudamos tudo. Os choques de realidade de Vargas fazem sucesso. Esses dias, um cara olhou o carro e disse: "Ficou um luxo! Você entendeu bem o espírito da coisa". Mas a gente tinha mudado tudo - diverte-se ele, que ganha R$ 4 mil mensais no barra- cão, mais que o dobro do normal. Quadra vira a Calçada da Fama de Uruguaiana Nas quadras e nos barracões, profissionais liberais e pecuaris- tas convivem com domésticas, desempregados e até campeiros. - Trabalho como insemina- dor artificial, como tratorista, faço de tudo no campo. Só não roubo nem mato. Quando não tenho trabalho, venho pra cá - conta Paulo ZERO HORA > SEXTA 6 MARÇO 2009 Integrantes da Ilha do Marduque se mobilizam nos preparativos para a festa de Uruguaiana, que atrai os cariocas Augusto da Rosa, 54 anos, o Almeidi- nha, um dos voluntários da Cova da Onça. Almeidinha está sob a orien- tação de Leonardo Miranda Dri, um engenheiro civil dono de 367 hectares de lavoura de arroz na vi- zinha Itaqui. Aos 37 anos, o gran- jeiro Dri se torna o Boca, o diretor de barracão da Cova da Onça. Quando o som de reco-recos, sur- dos e cuícas ecoa nas quadras durante os ensaios, sobrenomes famosos sam- uma confusão - brinca Renata Mon bam (ou tentam) com o povo. É a faceteiro, chefe de cozinha. democrática do fenômeno - embora Mas é no bairro Ilha do Marduque, os grupos não se misturem na quadra. na periferia, que se percebe o impacto Na Cova da Onça, os preparativos mais profundo do Carnaval. noturnos tornaram-se cool. A presen- ça de jovens lembra as noites de verão da Calçada da Fama na Capital, tradi- cional reduto de gente bonita. 02 - Éramos marginalizados. Hoje, somos o bairro da escola campeã. Au- mentou a autoestima do nosso povo - resume Arlete Tamborena, 51 anos, uma das responsáveis pela escola. - Sou Rouxinois, vou desfilar nos Bambas que homenageiam o Inter e vim me divertir na quadra da Cova. É carlos.etchichury@zerohora.com.br
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