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Documents from Gilberto Gil's Private Archive

Instituto Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil
Brazil

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  • Title: Documents from Gilberto Gil's Private Archive
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    escrevo, tenho a vantagem de aproveitar todo e qual- quer momento que tenho na vida. Se eu estiver triste, faço canções de amor, coisas mais profundas. Os momen- tos felizes rendem coisas mais leves, mais dançantes. Você já acumula 275 co- munidades dedicadas a você no orkut -a maior parte delas favorável ao seu trabalho. Essas pessoas entendem sua música? Acredito que sim. Nos shows, percebo a reação das pessoas a V ANESSA DA MATA NÃO quer ser conhecida apenas pela sua be- leza. "Talvez eu seja mais respeitada se concentrar as atenções na minha músi- ca do que espalhá-las pelas minhas pernas, pela minha bunda", reconhece. E ela está preparada para ser su- cesso de público, sem preci- sar tirar a roupa cada palavra que dou: elas riem na hora que há uma iro- nia e ficam sérias quando can- to alguma coisa de ficar triste. Como bato muito nessa tecla de que gosto de fazer letras, as pessoas prestam atenção. Ser bonita facilitou sua vi- da? Se você fosse feia, teria chegado aonde chegou? É muito doido: percebo que sou bonita há pouco tem- po. Sempre achei que era "a inteligente". Tinha primas muito mais bonitas que eu, então tive que desbravar um caminho no meu cabelo, nos meu traços mais fortes, para poder acreditar que também era bonita. Isso é uma inte- ligência: se assumir e gostar dos seus traços. Mas, mesmo Sua carreira incomodou muita gente? Não estou muito olhando para esse lado. Mas, às ve- zes, sinto que pessoas que gostavam muito de mim hoje viram a cara Pessoas do meio musical? Gente do meio. Uma canto- ra ali... Mas é pouca gente. Gostavam mais da sua mú- sica antes do sucesso? As pessoas buscam novidade o tempo inteiro neste nosso século 21. E isso tem a ver com vaidade, com afirma- ção delas. Da mesma forma que algumas colocam botox e peitão, outras precisam isso tudo resolvido, existe uma coisa que incomoda: se você tem um corpo bonito e eu tenho um corpo boni- to-, as pessoas querem que você se dispa (imitando voz aguda]. "Por que você não vai no Faustão de minissaia?" Pode ser uma ilusão, mas tal- Vanessa da Mata ma novidade da música, da “Não levo elogio para casa, desconfio de tudo” vez eu seja mais respeitada informática, o instrumento mais moderno. E, quando você não é mais novidade, essas pessoas substituem você. E um eterno consumo da novidade. se concentrar as atenções na minha música do que espa- lhá-las pelas minhas pernas, pela minha bunda. PLAYLIST E em você, como bateu es- se sucesso todo? Sabe que eu acho que isso ainda não aconteceu? Fico preocupada em não me des lumbrar. As vezes, faço o contrário: dou uma sacaneada em mim mesma. Se meu ego começa a ficar um pouqui nho grande, dou uma po dada. Não levo elogio para casa, desconfio de tudo, Mas é lógico que, quando ela me é necessária, eu bus- co a vaidade. Ela trilha seu caminho como uma das grandes cantoras e compositoras de sua geração sem deixar de ser pop Por Marcus Preto DIVA? Vanessa aposta em uma música popular com valor E quando a vaidade é real- mente necessária? Quando alguém tenta me pi- sar ou fica um pouco enciu- mado. Aí eu me situo de quem eu sou e o que eu represento. Quem você é e o que re. presenta na música atual? [Rindo] Sou uma composito- ra que hoje em dia se orgulha do seu lado pop. As pessoas acham que ser popular é ser chulo, o que é um precon- ceito e uma burrice. Não é possível que alguém acredite mesmo que algumas pessoas, porque são pobres ou sim- ples, não gostem de coisas que significam. E hoje eu me sinto fazendo uma coisa popular que tem valor. Ao mesmo tempo, estou galgan- do uma carreira de cantora. Estudo para isso e sei que tenho um timbre bonito. Todo artista é vaidoso? Esse é um pecado permi- tido a essa classe? Não sei, não. Essa neces- sidade de ser aplaudido, aprovado, é muito mais uma questão de insegurança. No meu caso, me sinto realizada quando vejo as pessoas se divertindo com uma música que fiz – muito mais do que me sentir a fodona, a super- mulher. O orgulho é com a obra, com o filho, não comi go mesma. Algumas das maiores can toras da história envelhe- ceram mal, artisticamente. Você, agora que desfruta do auge da juventude (32 anos), teme o que pode acontecer com sua arte? Envelhecimento é necessá- rio. Não vou ficar me inje- tando botox nem ficar me matando para conseguir uma coisa, seja física ou ar- tisticamente, que não está mais ao meu alcance. Vou fazer tudo para que minha cabeça continue necessi- tando de emoções e paixão. Mas sempre sem querer competir com a energia dos 20 anos de idade. Como eu "OS ÚLTIMOS TRÊS DISCOS QUE EU COMPREI" ONDE BRILHEM OS OLHOS SEUS FERNANDA TAKAI "Eu acredito na cantora suave. Não gosto de quem precisa mostrar que sabe cantar." SALVADOR 1962-1963 GILBERTO GIL "É o Gil antigo, gordinho, bochechudo. Tem o jeito de cantar e compor do começo." WHITE CHALK PJ HARVEY "Ela é muito louca, canta meio miado, meio gemido. Ela segue as fórmulas." ROLLING STONE BRASIL, MARÇO 2008 29
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