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Documents from Gilberto Gil's Private Archive

Instituto Gilberto Gil

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  • Title: Documents from Gilberto Gil's Private Archive
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    OS 100 MAIORES 36 MOACIR SANTOS O professor talentoso da bossa nova 37 ERASMO CARLOS O eterno porta-voz da jovem guarda MESMO SENUNCA TIVESSE SE aventurado como intérprete, Erasmo Carlos já teria seu nome gravado na história da MPB. Ao lado de Roberto Carlos, ele escreveu clássi- cos absolutos, de "Festa de Arromba" a "Coqueiro Ver- de", de "É proibido Fumar"a "Detalhes". Mas ele foi mais longe. Assumiu papel de líder na jovem guarda, quando in- corporava "O Tremendão". Nos anos 70, brilhou com álbuns que foram cultuados pelas gerações seguintes. Es ses"influenciados"puderam ficar lado a lado com o idolo em Erasmo Carlos Convida Vol. 2 (2007), que rendeu parcerias com Los Hermanos, Kid Abelha e Mari sa Monte. Paulo Terron PRA COMEÇO DE CONVERSA, sem Moacir Santos (1926- 2006), a bossa nova não seria como foi. O maestro deu aula para alguns dos co- adjuvantes da batida-João Donato, Roberto Menescal, Nara Leão, Sérgio Mendes, Baden Powell, Wilson das Neves e Eumir Deodato, por exemplo-e é influência de clarada para a triade prota- gonista Tom/João/Vinicius. Seu legado, no entanto, vai além. As composições e os arranjos do pernambucano são peças únicas e inaugu- ram um estilo, algo entre o afro-brasileiro e o erudito. Seu primeiro disco, Coisas (1965), é uma das obras- primas da música brasileira e lhe rendeu um contrato com a conceituada grava- dora de jazz Blue Note - pela qual lançou outros três álbuns, entre 1972 e 1975. Ramiro Zwetsch 136 ROLLING STONE BRASIL, OUTUBRO 2008 38 WILSON SIMONAL E o mundo - injustamente - lhe virou as costas UM INTÉRPRETE DOS MAIS talentosos, Simonal (1939- 2000) também foi um dos mais injustiçados. Após uma trilha de sucessos a partir de 1966 -"Meu Limão, Meu Limoeiro" e "Pais Tropical" -e a ascensão de sua figu- ra como mestre no charme (afinal, não é qualquer um que manda Homenagem à Graça, à Beleza, do Charme e ao Veneno da Mulher Bra sileira como nome de disco), ele viu tudo desmoronarem 1972, quando foi acusado de ser informante do antigo Dops. Artistas e imprensa lhe viraram as costas. Daí, seguiram-se a depressão, o alcoolismo e uma vida de siludida. Só em 2003, très anos após sua morte, foi inocentado pela Comissão dos Direitos Humanos da OAB, que afirmou não ha- ver prova contra ele. José Julio do Espirito Santo 34 CAZUZA A curta e histórica carreira do maior poeta de sua geração ELE PODERIA TER SIDO APENAS MAIS UM FILHO DA BURGUE- sia carioca, da elite da Zona Sul do Rio que se libertou da Ditadura cantando sobre biquínis de bolinha e bermudas coloridas. No entanto, Cazuza (1958-1990), fez do sub- mundo a matéria-prima de sua poesia. Primeiro, à frente do Barão Vermelho. Depois, a partir de 1985.com Exagerado, disco que marca o início de sua carreira solo. Livre das limi- tações do rock, Cazuza se recriou para o Brasil como um artista adulto e amadurecido. É quando a política torna-se um assunto recorrente. Em manifestos explícitos como "Ideologia" ou "Brasil" e até mesmo na exploração de suas contradições e tragédias pessoais, seja na auto-afirmação de sua bissexualidade em "Só as Mães São Felizes" ou no drama do artista em estado terminal de "O Tempo Não Pára". Em sua curta carreira, de pouco mais de sete anos, viveu e escreveu o suficiente para entrar para a história da música brasileira-talvez como o maior, senão o único, poeta de sua geração. Vladimir Cunha 39 NELSON CAVAQUINHO Sem técnica apurada, ele esbanjava elegância OUVIR NELSON CAVAQUI nho (1910-1986) é constatar queo virtuosismo vocal não é predicado fundamental para o bom cantor. O ca rioca cantava com timbre vacilante e rouco, sem firulas nem grandes habili- dades, e atingia a alma do ouvinte com sinceridade e personalidade raras. Perso nagem central da Manguei- ra, ele também esbanjava elegância como letrista e suas músicas são presen- ça garantida em qualquer roda. "Juízo Final" "Folhas Secas" e "A Flor e o Espi- nho" são apenas alguns dos lampejos mais nobres de seu lirismo boêmio. Ape sar de ter desenvolvido uma técnica de tocar com dois de dos o instrumento que lhe emprestava o nome, o sam- bista sempre foi mais sagaz ao violão. Morreu como se sonha-dormindo, R.Z. CÁSSIA ELLER A voz visceral e a atitude da eterna roqueira EM 13 DE JANEIRO DE 2001, Cássia Eller (1962-2001) tomou de assalto as quase 100 mil almas que circula- vam pela Cidade do Rock, na terceira edição do Rock in Rio: tocou de Chico Bu- arque a Nirvana, convidou Nação Zumbi e seu filho Chicão para se juntarem, re- bolou, mostrou os seios... Era a prova da consagração de uma intérprete que surgiu na leva de cantoras da déca- da de 1990, arrebatando os ouvidos de quem gostava de Beatles, e também daqueles que curtiam Nando Reis ou Cazuza. Com seu timbre grave e cheia de atitude no palco-fora, era quase arre- dia de tão tímida -, Cássia era visceral quando liberava avoz. Cássia morreu naque- le mesmo ano, mas deixou um breve legado que o Brasil não poderia ter deixado de conhecer. Christina Fuscaldo A voz, o carisma e a cara do nosso Carnaval A DONA DE UMA DAS VOZES mais emblemáticas da músi- ca brasileira nasceu em Por- tugal. Mas muito nova, Car- men Miranda (1909-1955) aqui chegou e foi criada no Rio de Janeiro, na época em que o boêmio bairro da La pa começava a ganhar seus primeiros contornos, bares e malandragem. Desde cedo, cultivava o desejo de ser ar- tista. Aos poucos, conheceu compositores como Assis Valente e Joubert de Car- valho, que assina seu maior sucesso, "Pra Você Gostar de Mim (Tai)". Com essa marchinha, a brasileiríssima Carmen passou a ser apon- tada como a maior cantora do país e seguiu firme ru- mo ao estrelato mundial. Com filmes, fez fama em Hollywood, onde viu sua vida se esvair em remédios e desilusões amorosas. Adriana Alves 41 ZÉ RAMALHO Ele levou a música nordestina para todo o país ANTES DE ZÉ RAMALHO SE revelar o cantador do Nor- deste contemporâneo, o paraibano de Brejo da Cruz foi um dos precursores do rock no Brasil. Em João Pessoa, estreou no conjun- to de baile The Gentlemen. Em 1973, gravou "Made in PB" no disco No Sub Reino dos Metazodrios, de Marconi Notaro. Ao lado de Lula Cortes, em 1975, produziu o duplo Paebirú : Caminho da Montanha do Sol (hoje o vinil mais raro do país). Após a aventura, eternizou canções como "Avô hai" e "Admirável Gado Novo", de A Pelejado Diabo com o Dono do Céu. Antes do estouro, marcou presença no Festival Aber- tura, da TV Globo, tocan- do com Alceu Valença "Vou Danado pra Catende", ga- nhadora de prêmio especial no concurso. Cristiano Bastos
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