CO-1137
Carvalho, Antônio de Barros. [Carta] 1939 mar. 29, Rio de Janeiro, RJ [para]
Candido Portinari,
Brodowski, SP. 4 p. [manuscrito]
Meu caro Portinari
Um grande abraço e votos de feliz temporada nessa encantadora terra do seu berço.
Apesar de estar com esta carta no pensamento há vários dias, somente hoje, e saindo apressado, é que a materializo.
Lamentei muito não ter podido ir abraçar ao querido amigo e conhecer o príncipe João Candido. Os naturais atropelos dos primeiros dias da chegada me impossibilitaram de realizar esse intento. Você me perdoará.
Fizemos boa viagem e todos lucramos muito com a temporada do Norte. A Bahia é sempre amiga e acolhedora. Pernambuco, meu caro, é aquele “céu aberto” de que falava D. Pedro. A verdade é que não matei saudades; acumulei muitas, sim. Espero o seu regresso para conversarmos.
Providenciei, pelo telefone, junto ao Enéas, para a ida do nosso queridíssimo “Zé” a Brodowski , e depois passei ao Zé um telegrama (para rua Alemanha, 6), dando ciência da permissão para o afastamento. Acredito que ele tenha recebido o telegrama, apesar de não mo haver acusado, pois não tive o clássico aviso de que ficasse retido. Pedi também ao meu pai – na ausência do meu irmão Fernando – que avisasse ao Zé da permissão que o Enéas deu. Espero que tudo tenha corrido bem.
Aqui persiste o calor e, dia sim, dia não, cai um temporal. Sinto que não tem prestígio para melhorar a temperatura carioca.
Quando regressa? Como vão os seus manos, Dna. Maria e o pequeno? Nossas recomendações.
Se você vir o Rossi, diga-lhe que trouxe uns troços de candomblé para ele. Para você também trouxe, como prometi.
Abraços e saudades, do seu
Barros
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