Letter

CO-1484 Cruls, Gastão. [Carta] 1948 maio 2, Rio de Janeiro, RJ [para] Candido Portinari, Montevidéu. 2 p. [datilografado] Meu caro Portinari: Deram-me muito prazer as suas últimas linhas, que me esperavam em casa, no domingo à tarde, quando, nas Laranjeiras, cheguei do meu descanso semanal na Tijuca. Estou curioso por conhecer a sua Primeira Missa, mas segundo soube pelo Rodrigo, o painel não foi desembaraçado da Alfândega. Assim, porém, que o souber no Banco Boa Vista, lá irei para vê-lo, e logo lhe darei a minha impressão, que há de ser, sem dúvida, das melhores. O meu novo livro será o Aparência do Rio de Janeiro, uma notícia histórica e descritiva da nossa cidade. Está pronto desde o ano passado, mas creio que só aparecerá no início do ano próximo. Vai ser ilustrado pelo Jardim, que trabalha agora nos desenhos, mas anda um pouco atrasado. Aliás, o negócio editorial passa atualmente por uma grande crise e há grande retração nas publicações. Mas o que é que não nada em crise, ao menos aqui, pelo Brasil? Alegra-me muito saber que V. trabalha sempre e já pode realizar aí uma mostra dos seus novos quadros, depois que está no Uruguai. Aliás, só por V. tenho agora notícia dessa exposição. Parece-me que os nosso jornais silenciaram ou pouco falaram sobre o assunto. O Rodrigo, a quem mostrei a sua carta, diz não ter recebido aquela que V. lhe escreveu. Tenho sempre receio do nosso correio e pergunto-me se V. terá recebido a minha última, aquela em que lhe falava da boa apresentação e do êxito logrado pelo seu Álbum, lançado pela “Pingüim” e com o belo estudo do Landucci. Parece que nessa mesma coleção será publicado, em breve, com textos também em francês e inglês, o capítulo que na Hiléia Amazônica dedico à Arqueologia da região. A esse pequeno volume seguir-se-ão outros, sempre sobre assuntos brasileiros, e da autoria de Arthur Ramos, Cecília Meireles etc. Como vai o nosso João Candido? Já deve estar desengrolando o seu espanholzinho, não é verdade? Festas para ele e abraços para V. e Maria, do amigo já saudoso daqueles serões de Cosme Velho. Gastão 2