CO-1950
Barros, Jayme de. [Carta] 1955 jan. 10, New York, NY [para]
Candido Portinari, Rio de Janeiro, RJ. [datilografado]
Meu caro Portinari,
Desde que cheguei aqui que estou pensando em lhe
escrever uma carta, não só para pedir notícias suas, mas para lhe dizer que as Nações Unidas continuam esperando ansiosamente os seus dois painéis. Tive oportunidade de conversar a respeito com as pessoas do Secretariado e de ver, à entrada do hall dos Delegados, as duas grandes paredes, - uma em face da outra, que estão aguardando as suas maravilhosas telas. Como já conheço as “maquetes”, tive a antevisão dos dois painéis. Estou seguro de que ficarão magníficos. A iluminação – com uma parede inteira de visão, de 10 metros de altura – não poderá ser melhor. Quem subir em uma das escadas rolantes, verá um deles, e quem descer, o outro. Já há tempos, mandei daqui um telegrama transmitindo ao Itamaraty o desejo da direção das Nações Unidas de ver o seu trabalho incorporado ao seu patrimônio tão breve quanto possível.
Soube que você andou doente, mas vi, numa entrevista concedida a “O Globo”, que já se encontra restabelecido e trabalhando. É o que nós queremos.
Estamos muito bem instalados aqui em
Nova York, em 1016 Fifth Ave., Penthouse West, onde os seus quadros adquiriram extraordinário relevo. Trouxe-os todos. Há pouco, o Cabot Lodge, Chefe da Delegação dos
Estados Unidos às Nações Unidas, vendo as suas telas, ficou entusiasmado. Admirou muito o “Navio Negreiro”, “Os Retirantes”, a “Mãe Preta”, o retrato de Maria e o meu. Perguntou-me muito se você não apareceria por aqui e pediu-me que, se tal acontecesse, que intercedesse junto de você para que pintasse o retrato de sua mulher. É um homem muito simpático, inteligente, com quem já fiz amizade.
Grandes abraços, meus e de Marina, para você, Maria e João. Seu velho amigo,
Jayme
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