CO-768
Blank, Joanita. [Carta] 1952 mar. 21, Rio de Janeiro, RJ [para] Maria Portinari; Candido Portinari,
Brodowski, SP. [manuscrito]
Queridos Maria e Candinho
Há tanto tempo que estou para
escrever para vocês e somente hoje, antes de ir passar uns dias em Itatiaia, é que venho dar uma prosinha com vocês. As saudades são grandes, embora a gente se veja tão pouco quando vocês estão aqui – é sempre bom de sentir que vocês estão na mesma cidade. Também a casa em que vocês moraram sempre me lembra de vocês, ela está sendo reformada e eu fico pensando que bom seria se vocês ainda morassem aqui. Será que, quando vocês voltarem, vocês arranjam uma energiazinha para subir minha cadeira e vir ver o nosso chalezinho.
Mamãe ainda está em Petrópolis. Felizmente ela tem passado regularmente bem. Não sei se chegou até aí a notícia do terrível golpe que sofremos em janeiro – a morte de Sibley. Foi uma coisa tão brutal que nos deixou completamente tontos. Guita estava conosco, Sacha e os dois meninos em Cabo Frio, quando recebemos, pelo telefone, a notícia de que Sibley tinha morrido repentinamente – coração. Leon trouxe Guita imediatamente para o Rio, mas vocês podem calcular a dor de perder Sibley. Estávamos esperando-o para passar o week-end conosco lá em C. Frio. Em vez de se acostumar, eu tenho a impressão que cada dia Guita sente mais a falta dele. Eles criavam os meninos com tanto amor. Sibley era um pai tão dedicado! Não se entende o porquê de uma morte assim.
E como vão todos aí – Da. Dominga tem passado melhor? E João Candido, onde está?
Peço dar um abraço muito grande em Da. Dominga e Sr. Baptista, por mim. E um abraço muito afetuoso para vocês dois de
Joanita
Leon manda muitas lembranças.
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