CO-263
Andrade, Mário de. [Carta] 1938 jun. 8,
São Paulo, SP [para] Candido Portinari, Rio de Janeiro, RJ. 2 p. [manuscrito]
Portinari
Recebi sua carta e fiquei contente de você ficar contente com o artigo. Eu fiquei danado com os erros de impressão que quase me desfiguraram até as idéias. Também o Meyer gostou do artigo, me escreveu.
Fico ciente quanto às gravuras, muito obrigado. Apenas não se esqueça que quero só originais e não dessas reproduções maravilhosamente perfeitas, que fazem agora e os artistas assinam. Quero originais.
O caso do Osvaldo, achei graça. Mas já falei pra você com toda a franqueza que não aprovo muito esse seu processo de se antipatizar sem razão com tantas pessoas. É verdade que as razões que você me deu quando falamos nisso, sem me convencerem, me deixaram no entanto sem resposta. O caso é muito delicado pra mim, essa é que é a verdade. Mas a mim me penaliza ver pessoas não gostando de você e atacando a sua arte. Gosto demais de você e da sua pintura pra ter qualquer egoísmo; meu desejo era ver você convocado e compreendido por todos. Graças a Deus que sou assim!
E que saudade desse ambiente, você, Maria, Olga, o Roberto, o Bianco, o Mozart-Murilo e esses almoços que nunca a gente sabe si serão de cinco, dez ou vinte pessoas. Em julho hei de tirar férias e desta vez irei descansar na fazenda. Faz três anos e meio que não sei o que é fazenda. Mas quero ver si dou um pulo no Rio, nem que seja por um dia. Pra conversar e reviver.
Um grande abraço pra todos juntos e outro seu
Mário