Letter

CO-2665] Leão, Rosinha. [Carta, 1957 set. 7], New York, NY [para] Maria Portinari, [Rio de Janeiro, RJ]. 3 p. [manuscrito] Maria querida Estou chegando da inauguração dos painéis. Estão um desacato – estão lindos! Você sabe o que é uma coisa feita sob medida – estão monumentais. E lindo visto de fora – e a proporção das paredes e o ângulo delas – é uma verdadeira beleza. Vê-se de fora, vê-se [ilegível], de [ilegível] – vê-se em cima da escada do hall – uma espécie de mezanino e vê-se da sala de recepção do mesmo andar. A recepção foi às 4 horas e com a luz do dia, muita claridade, a Paz estava um espetáculo! Tinha muita gente. Falou o Cyro Freitas Vale oferecendo o painel e respondeu o Delegado da ONU, o tal Dag Hammarksjöld ou coisa que valha – simpático, moço e falou muito bem. Encontrei lá o Santiago Dantas e a mulher, que tinham chegado na véspera e iam no dia seguinte para Chicago. Muito amáveis e risonhos. Você não imagina como os painéis estão impressionantes – muito mais que no Municipal. Esteve lá também a Lili e o Leão Gondim (eu só falei com ela porque não conheço o Leão). Estavam o Jimmy Chermont e Zaíde. Sentindo imensamente sua falta. Estava lá também o Harrison, que eu não conhecia. Depois teve um cocktail no salão de cima. Estava também o Marcos André que deve escrever no “O Globo” Pelo ambiente geral e por uma moça que eu encontrei lá – Lourdes Sá Pereira – que eu conhecia muito e que eu não sabia que trabalhava na ONU – o negócio foi mesmo a claridade excessiva. As duas vezes que estive lá foram de manhã – à tarde bate sol. Ontem às 4 horas estava batendo sol. Mas o sol de Nova York e o sol da tarde. Mesmo que fosse o dia inteiro – mesmo que fosse o ano inteiro (que só bate sol no verão). Acho que o lugar ainda era aquele. Não havia outro lugar para colocá-los. Estão belíssimos. E eu mesma tive um choque de emoção em ver colocados. Recebi hoje esse recorte sobre Portinari que uma pintora, amiga de Lota, me mandou. Amanhã cedinho vou comprar todos os jornais e mando logo qualquer notícia. Maria, antes que me esqueça – a Marina do Jayme de Barros é uma empada e uma chata muito grande. A burra pré [ilegível] e o Jayme de Barros muito vago. Na 2ª. feira vou visitar a ONU com a tal Lourdes e aí procurarei falar só com o Jayme. Tenho a impressão que não houve má vontade e sim, excesso de zelo. Um grande abraço de parabéns ao Portinari. Fiquei orgulhosíssima dele. Um beijo carinhoso de Rosinha