CO-2682
Leão, Rosinha. [Carta] 1941 jan. 16, Rio de Janeiro, RJ [para] Maria Portinari,
Brodowski, SP. 2 p. [manuscrito]
Maria
Não escrevi antes porque esperava mandar a carta junto com a encomenda. Mas, como sempre, esse negócio de correio é uma moleza. Tem que se ver abrir o [ilegível], depois o empregado está doente ou está tomando café, e é amanhã e depois é amanhã, e assim por diante. É um creme de Helena Rubinstein, não?
Tive que ir com Publio porque a minha carteira de eleitora eu deixei na Universidade (mesmo, coitada! não sei para que que serve...) e estou ainda tirando a minha carteira de identidade – mas deve estar pronta por esses dias. Qualquer outra coisa que você queira eu já devo estar com ela ponta. Maria, você não sabe o prazer que me dá pedindo essas coisas – não é favor algum – eu é que fico satisfeita de poder fazer alguma coisa por você.
O calor anda tremendo por aqui. Em casa ainda se aguenta, mas na rua é de cozinhar pinto no asfalto!
Como vai João Candido? E o resfriado? Eu só imagino o sucesso que ele deve estar fazendo aí.
Mamãe vai amanhã para Santos – de avião, já se sabe. A senhora está completamente perdida. Lá em Santos ela fica no céu com o pé de fora! Ela vai para a Base de Aviação, onde meu primo é comandante, e de lá fica voando para [ilegível], Vila Bela, S. Sebastião, e lá sei quantos lugares mais.
Estou escrevendo para Olga e Portinari. As saudades são enormes. Como vão Tata e Inês? E o Loy, tem trabalhado muito? Dê um grande abraço neles todos que eu mando.
Um grande beijo em João Candido. E para você, Maria, todo o meu carinho.
Rosinha