CO-2668
Leão, Rosinha. [Carta, 1941, Rio de Janeiro, RJ] [para] Maria Portinari, [
Washington, D.C.]. 2 p. [manuscrito]
Engraçado, Maria, acordei uma manhã envenenada com vocês – nem uma palavra! Dizia eu e comecei a te
escrever, xingando muito... Mal tinha começado chegou a sua carta. Que bom! As saudades são enormes. Cada notícia que chega adiando a vinda de vocês é um desaponto!
Fiquei tão contente em saber você boa – que alívio, depois de tanto remédio e chateação, não?
E o Loy, como chegou? Estou louca para saber as afobações da viagem. Ele embarcou radiante, mas um coelho...
Ontem saiu publicada nos jornais uma carta esplêndida do MacLeish sobre Portinari. O sucesso é grande mesmo. Fico ansiosa para ver as decorações da Biblioteca. Quando vai sair o livro ilustrado por ele? A pintura já começou firme? O Loy tem sofrido muito?
Tenho estado sempre com Olga. O noivo está em S. José dos Campos construindo à toda a casa para casarem logo. Ontem, D. Domingas e S. Baptista foram embora para S. Paulo, mas deixando muitas saudades. Eles aproveitaram bem o tempo aqui. Passearam muito – penso atpe que D. Dominga achou que era um pouco [ilegível] demais! No fim, ela já estava cansada e com demis saudades de Brodowski.
A [ilegível] não cansa de xingar vocês pela falta de notícias... Neném no susto de não ir para Brodowski está estudando e levando a vida mais a sério.
Maria, você não vai reconhecer o Publio quando chegar. Nada mais de feijoadas e vatapás! Está num bruto regime, e anda até enojado de comida! Está recuperando a antiga forma. E eu, para contrabalançar, estou engordando a mais não poder – tomando corpo! Qual! Portinari tinha razão – sem ele e sem Lota fico uma completa galinha morta. Estou um caso perdido!
Um grande abraço no Portinari – que ele deixe um pouco de ser gênio e me escreva... O safado só escreve para os literatos!
Um beijo em João Candido e Inês.
Muitas e muitas saudades de
Rosinha