Este jarro, de uma extrema simplicidade, apresenta um perfil piriforme, sendo o bojo separado do colo alto por uma gola lisa. O pé é curto, em forma de tronco de cone. Apenas a asa, ligeiramente contracurvada, remata com um recorte trilobado na sua inserção no bojo. A pureza da forma e a incomparável textura do jaspe sanguíneo em que é fabricada esta peça, aliada à inquestionável antiguidade e raridade da mesma, terão levado à sua valorização, no século XVIII, através da aplicação de uma belíssima montagem, em ouro, no mais puro estilo roccaille. Cinzelado segundo um modelo de François Boucher, podemos ver, na tampa, um menino, reclinado sobre uma base de rochas, flores, concheados e volutas. A parte superior da asa representa uma cabra cuja cauda se prolonga ao longo da mesma, enquanto a montagem do pé é constituída por motivos não figurativos, de acantos e volutas.
Ligada ao colecionismo, a apresentação de objetos raros ou preciosos montados em metais nobres, remonta ao Renascimento. No século XVIII, no entanto, peças como esta eram igualmente apreciadas pelo seu aspeto decorativo, sendo frequentemente designadas como «objetos de curiosidade» ou «pitorescos».