Registra a localização de documentos inéditos, reunidos pela polícia política e guardados no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, sobre Portinari. Lembra que o artista teve o visto de entrada nos Estados Unidos negado por duas vezes e foi considerado "persona non grata" na França. Reproduz carta de protesto, de Portinari ao Ministro Raul Fernandes, reclamando enérgicas providências, quando foi convidado a participar do Congresso pela Paz Mundial, em Nova York. Informa que, após pintar os painéis da ONU, não pode comparecer à inauguração dos mesmos, novamente por ter o visto negado. Relata que, em 1954, o dr. Mem Xavier da Silveira proibiu o artista de pintar, já que as tintas estavam provocando uma séria alergia. E que Portinari passou a fazer versos. Ressalta que seus críticos acusaram-no de oportunista, por trabalhar para o Estado Novo. E que os abstracionistas empreenderam uma guerra estética, porque o pintor não representava mais a modernidade. E suas obras não foram convidadas a tomar parte de Brasília. Ressalta que o artista, isolado, surdo e em depressão, passou o resto de seus dias em seu ateliê, onde as tintas acabaram por envenená-lo. Morto, desde 1962, seu nome ainda foi citado como participante de ato público de celebração dos 60 anos do Partido Comunista, em 1982.