O mármore negro predomina e é preciso aproximar-se com cuidado e atenção para notar os detalhes que nos sugerem outra leitura. A começar pelo formato da pedra, que guarda algo de familiar e lembra, ainda que muito distorcida, uma cabeça. Depois vem o nariz, de lado, achatado, que tira da escultura o que parece sempre ter sido dela de direito, a simulação tridimensional da realidade. Além disso, deitada e comprimida, olhando não se sabe para onde, recusa a verticalidade e a frontalidade com o observador. Escultura que nega e afirma um rosto, é um caso exemplar das experiências que os artistas se permitem ao retrabalhar a espacialidade da obra.