No caminho da miçanga

um mundo que se faz de contas

Capa do catálogo da exposição No caminho da miçanga - um mundo que se faz de contas. (2016), de Helena de Barros, Maria Lúcia BragaMuseu do Índio

Fachada do Museu do Índio (2016), de Paulo MúmiaMuseu do Índio

Museu do Índio

No caminho da miçanga: um mundo que se faz de contas é uma exposição do Museu do Índio, inaugurada em 2015, com curadoria da antropóloga Els Lagrou. Nas salas do casarão central da instituição, localizado em Botafogo, são exibidos 723 objetos e filmes de 24 etnias do Brasil, além de 18 da África, Ásia e Américas, em sete ambientes - Viagem, Mito, Encontro, Troca, Brilho, Ritual, Encanto e Mergulho.

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Fios de miçangas (2009), de Kayapó PeopleMuseu do Índio

Miçanga é derivada de [masanga], palavra de origem africana que significa "contas de vidro miúdas". Com estas miudezas, povos do mundo inteiro, do Norte ao Sul, do Oriente ao Ocidente, produzem impressionantes obras de arte. Mais do que um objeto ou um conceito, a miçanga é pura relação: sua definição se faz no encontro entre mundos distantes. Deste modo, com muitas pequenas contas se "faz o mundo", como uma grande rede de caminhos interconectados, onde poucas ou muitas miçangas de todas as cores, transportadas por caravelas, mulas e aviões, são transformadas em enfeites, fetiches e obras de arte.

Animação sobre contas de vidro (2015), de Guillermo PlanelMuseu do Índio

Cristóvão Colombo chega ao Haiti (1528), de Théodore De BryMuseu do Índio

A miçanga tem papel central na relação entre os grupos indígenas e os exploradores europeus, desde a viagem de Cristóvão Colombo às ilhas do Caribe, em 1492, passando pelos franceses que comercializavam com os Tupinambá da costa brasileira, no século XVI. As contas de vidro não pararam de chegar às Américas, vindas nos navios europeus, sendo trocadas por madeira, peles e outros produtos.

Marechal Rondon com os Paresi (1913), de Major LuizThomaz ReisMuseu do Índio

Colar Kayapó (2009), de Kayapó PeopleMuseu do Índio

Kayapó

Kayapó é como são conhecidos os Mebêngôkre, que significa "os homens do buraco/lugar d'água". Vivem na região do Brasil Central, em nove Terras Indígenas, no sul do Pará e norte do Mato Grosso, no rio Xingu e seus afluentes.

Arte da miçanga pelos Kayapó (2015), de André Demarchi, Diego Madi DiasMuseu do Índio

Oficina de miçanga (2015), de Paulo MúmiaMuseu do Índio

Entre os Mebêngôkre, o trabalho com miçangas é uma arte feminina. As mulheres aprendem esse conhecimento desde meninas. São as mulheres que decidem as cores e formas que serão combinadas nos enfeites de miçanga utilizados por todos os participantes nas grandes festas.

Braceletes Wôrekà (2014), de Thiago OliveiraMuseu do Índio

Nos rituais contemporâneos surgiram duas personagens novas e importantíssimas, as Rainhas e as Misses. As Rainhas são moças belamente ornamentadas que vão recepcionar autoridades. E as Misses são moças escolhidas para representar sua aldeia no concurso inter-aldeias de beleza, que ocorre durante a festa do Dia do Índio na cidade de São Félix do Xingu, no Pará.

Jovem Kayapó (2015), de Paulo MúmiaMuseu do Índio

Colar Kayapó (2009), de Kayapó PeopleMuseu do Índio

Colares, bandoleiras e braçadeiras podem ser confeccionados com miçangas e outros materiais, como algodão cru ou envira.

Cacique Kayapó (2015), de Paulo MúmiaMuseu do Índio

Painel de miçangas Huni Kuin (2015), de Huni Kuin womenMuseu do Índio

Kaxinawá

Os Kaxinawá se autodenominam Huni kuin, que significa homens verdadeiros, ou gente com costumes conhecidos. Pertencem à família lingüística Pano que habita a floresta tropical no leste peruano, do pé dos Andes até a fronteira com o Brasil, no estado do Acre e sul do Amazonas. A extensão corresponde à área do Alto Juruá e Purus e o Vale do Javari.

Kaxinawa - os Huni Kuin (2015), de Jordan river women's associationMuseu do Índio

Mulheres Huni Kuin (2011), de Fabiano Txana Bane Huni Kuin, Deborah Castor, Jordan river women's associationMuseu do Índio

Mulheres Huni Kuin (2011), de Fabiano Txana Bane Huni Kuin, Deborah Castor, Associação das mulheres do Rio Jordão.Museu do Índio

As padronagens remetem a peles de animais como a jiboia, e a partes do corpo de outros animais, como o espinhaço do escorpião, o dedo do macaco, o rabo do jacaré ou o olho da curica.

Tecendo com miçanga (2011), de Deborah CastorMuseu do Índio

A tecelagem em miçanga dos Kaxinawá remete à pintura corporal e à tecelagem em algodão que têm sua origem na pele primordial da jiboia Yube. Ela é dona de todos os desenhos e dos fluxos vitais que dão vida e geram todas as formas.

Colares Kaxinawá (2011), de Deborah CastorMuseu do Índio

Colares contas de caramujo (2014), de Marubo PeopleMuseu do Índio

Marubo

Vivem no alto curso dos rios Curuçá e Ituí, da bacia do Javari, na Terra Indígena Vale do Javari, junto com os Korubo, Mayá, Matis, Matsés, Kanamari, Kulina Pano.

Marubo (2012), de Nelly Dollis, Eduardo RochaMuseu do Índio

Oficina de miçanga (2015), de Paulo MúmiaMuseu do Índio

Jarreteiras de contas de caramujo (2014), de Marubo PeopleMuseu do Índio

As contas de caramujo vêm sendo substituídas pelo PVC. Este material passa pelo mesmo processo de produção artesanal das contas de caramujo.

Fabricação de contas (2015), de Paulo MúmiaMuseu do Índio

Oficina de miçanga (2015), de Paulo MúmiaMuseu do Índio

As Marubo preferem utilizar os grafismos na pintura corporal, indumentária e objetos utilitários, como peneiras e cerâmicas.

Cinto de contas de PVC (2012), de Marubo PeopleMuseu do Índio

Detalhe de pulseira (2015), de Wayana peopleMuseu do Índio

Wayana

Povo de língua karib. Habita a região de fronteira entre o Brasil (rio Paru de Leste, Pará), o Suriname (rios Tapanahoni e Paloemeu) e a Guiana Francesa (alto rio Maroni e seus afluentes Tampok e Marouini).

Wayana - os Wajana (2015), de Jamae Apalai Waiana, Tyna Apalai Wayana, Iori Leonel LinkeMuseu do Índio

Confecção de cesta (2009), de Lúcia van VelthemMuseu do Índio

Tear de miçangas (2015), de Lúcia van VelthemMuseu do Índio

Ritual Waitakala (2012), de Lúcia van VelthemMuseu do Índio

No grafismo dos adornos Wayana, é possível identificar a apropriação de antigos desenhos trazidos pelos missionários católicos e protestantes do século XIX.

Sobrecindo de miçanga (2011), de Wayana PeopleMuseu do Índio

Pulseira de miçangas (2015), de Wayana PeopleMuseu do Índio

Na mitologia Wayana, assim como na de outros povos, as miçangas viriam de árvores encantadas, que teriam desaparecido por longos anos, tendo retornado aos indígenas pelas mãos dos colonizadores.

Colar de miçangas (2011), de Wayana PeopleMuseu do Índio

Colar de miçangas (2014), de Ana Gabriela AmorimMuseu do Índio

Krahô

Os Krahô vivem no nordeste do Estado do Tocantins, na Terra Indígena Kraholândia, situada nos municípios de Goiatins e Itacajá. Fica entre os rios Manoel Alves Grande e Manoel Alves Pequeno, afluentes da margem direita do Tocantins.

História da miçanga para os Krahô (2015), de Ilda Patpro, Marquinhos Ihperxwa, Ana Gabriela Morim.Museu do Índio

Dilena Hacàc (2012), de Sueli AcàkwyiMuseu do Índio

Os Krahô mesclam miçangas com sementes, e incorporam outros elementos, como medalhinhas metálicas de santos.

Colar de miçangas (2014), de Ana Gabriela AmorimMuseu do Índio

Braceletes de miçangas (2014), de Ana Gabriela AmorimMuseu do Índio

A diversidade dos desenhos encontrados nos enfeites em miçanga reflete a criatividade e o pensamento de cada mulher.

Braceletes de miçangas (2014), de Ana Gabriela AmorimMuseu do Índio

Tecendo colares (2012), de Rosemira Hacàc KrahôMuseu do Índio

Nos dias atuais, para a confecção de seus próprios adornos, os Krahô preferem as miçangas coloridas. Numa inversão de papéis, as sementes naturais, como a tiririca, são mais utilizadas na confecção de adornos para não índios.

Gargantilha de miçangas (2014), de Ana Gabriela AmorimMuseu do Índio

Detalhe de cinta wetaana Karajá (2011), de Karaja PeopleMuseu do Índio

Karajá

Os Iny, como se autodenominam os Karajá, vivem em uma extensa faixa do vale do rio Araguaia, a ilha do Bananal. Suas aldeias estão próximas aos lagos e afluentes do rio Araguaia e do rio Javaés, assim como no interior da ilha do Bananal.

Meninos Karajá (2010), de Chang Whan MaiaMuseu do Índio

Myrani, peitorais de uso ritual, são a marca registrada dos Iny. Hoje os peitorais myrani dos Iny são exclusivamente feitos com miçangas. Antes do acesso dos Iny à miçanga, estes peitorais eram feitos de sementes pretas, vermelhas e brancas. Os motivos usados pertencem ao repertório gráfico dos Iny e também são usados nos bancos e pintura corporal.

Karajá - os Iny (2015), de Chang Whan, Janahu KarajáMuseu do Índio

Meninas da aldeia Hãwalò (2010), de Chang Whan MaiaMuseu do Índio

A miçanga e a plumária são elementos apreciados e empregados na valorização da beleza dos Iny. São as mulheres que confeccionam os adornos usados por homens adultos, rapazes, moças e crianças pequenas. Destacam-se os lokura woku, colares de miçangas monocromáticas, de várias voltas e os myrani, que são os peitorais retangulares.

Confecção de adorno de miçanga (2015), de Paulo MúmiaMuseu do Índio

Para as artesãs Iny, as miçangas coloridas estimulam a criatividade e a busca por belas formas. Com as miçangas miúdas, as jovens Iny também fabricam pulseiras, colares e pingentes em forma de pequenos animais e insetos.

Menina Karajá (2011), de Chang Whan MaiaMuseu do Índio

Muwaju Kumaadakä a’ködö (2012), de Jumarina YekuanaMuseu do Índio

Ye'kuana

A parte brasileira da população Ye'kuana divide-se em três comunidades às margens do rio Auaris e Uraricoera, a noroeste do estado de Roraima, fronteira com a Venezuela. A comunidade ye’kuana de Auaris é a maior no Brasil, com cerca de 330 pessoas.

Yekuana - os So'to (2015), de Julio Yekuana, Wellington YekuanaMuseu do Índio

Muwaju Köda'dai (2012), de Cecília YekuanaMuseu do Índio

Para os Yekuana, usar miçanga significa estar vestido e tornar-se humano. Os bebês ganham seu primeiro conjunto de enfeites de miçanga ao completar quatro meses, quando então é realizado o ritual da Enfeitação.

Tecendo com miçanga (2015), de Paulo MúmiaMuseu do Índio

Cinto de miçangas (2015), de Yekuana PeopleMuseu do Índio

Wanasedu, o criador de todas as coisas e dono do mundo, fez as contas mayuudu para ornar seu neto, Kawmaashi. Ele foi buscá-las no céu para que, enfeitado, seu neto se vingasse do jaguar que tinha matado sua mãe Kushiimedu. As miçangas servem para proteger os guerreiros e, desde então, são usadas segundo as orientações deixadas por Wanasedu.

Capa do catálogo da exposição No caminho da miçanga - um mundo que se faz de contas. (2016), de Helena de Barros, Maria Lúcia BragaMuseu do Índio

Créditos: história

This virtual show was created in 2016 and published in 2017, from the exhibition SEARCH OF THE BEADS: A WORLD MADE OF BEADS, opened in 2015 at the Museu do Índio/Funai.

GOOGLE CULTURAL INSTITUTE PROJECT TEAM AT THE MUSEU DO ÍNDIO/FUNAI
Arilza de Almeida
Elena Guimarães
Ione H. P. Couto
Luiza Zelesco
Thaís Tavares

CURATION OF THE VIRTUAL SHOW
Arilza de Almeida
José Carlos Levinho

VIRTUAL SHOW EDITION
Elena Guimarães

TRANSLATION OF THE VIRTUAL SHOW
Luiza Zelesco

Credits of the exhibition SEARCH OF THE BEADS: A WORLD MADE OF BEADS set up at the Museu do Índio in 2015:

CURATION AND RESEARCH COORDINATION
Els Lagrou

RESEARCH/SETTING UP THE COLLECTION/VIDEO IMAGES
Adriana Áthila
Ana G. M. Lima
André Delpuech
André Demarchi
Antonio Guerreiro
Bruna Franchetto
Caroline Polle
Chang Whan
Charles Stépanoff
Deborah Castor
Denise Fajardo
Diego M. Dias
Fabiano B. HuniKuin
Felipe Agostini
Helder Perri
Iori L. van Velthem
Isabella Coutinho
Joana Miller
Jose Canziani
Lucas Benite Xunu
Lucia H. van Velthem
Luis D. B. Grupioni
Luisa E. Belaunde
Luiz G. L. Desana
Mara Santos
Márcio Goldman
Maria I. Cardoso
Maria J. Yawanawa
Maurício T. R. Yekuana
Naguib KanawatiNeli V.M. Marubo
Peter Beysen
Roberto Romeiro
Rosângela de Tugny
Suely Maxakali
Tainah Leite
Takumã Kuikuro
Vania Cardoso

ADDITIONAL RESEARCH AND SETTING UP THE COLLECTION
Els Lagrou
Marco A. T. Gonçalves

RESEARCH TEXTS AND IMAGES
Adriana Áthila
Caroline Polle
Joana Miller
Maria Isabel Cardoso
Nina Vincent Lannes
Peter Beysen
Vania Cardoso

MUSEUM PROJECT
Ione H. P. Couto
Maria J. N. Sardella
Lúcia S. Bastos

EXPOGRAPHY, EXHIBITION PLANNING & SET DESIGN
Simone Melo

LIGHTING PROJECT
Rogério Wiltgen

MULTIMEDIA & WINDOW DISPLAY PROJECTS
CenoLux

VISUAL IDENTITY & PRINT DESIGN
Helena de Barros

GRAFIC & SIGNAGE DESIGN
Guto Miranda

USER INTERFACE DESIGN & INFOGRAPHICS
Priscilla Moura

VIDEO POST-PRODUCTION
Monique Rodrigues

SOCIAL COMMUNICATION CONSULTANCY
Cristina Botelho
Denise Saltarelli
Rosangela Abrahão

PROJECT CONSULTANCY
Arilza de Almeida

EXHIBITOR CONSULTANCY
Raphael Madureira
Valéria Albernaz

TECHNOLOGY CONSULTANCY
Adriano Belisário
Alan Pessanha
Eliane Medeiros
Alessander C. de Lima

ACCESSIBILITY & INCLUSION CONSULTANCY
José Oado

PRODUCTION COORDINATION
José A. F. Medina

LIGHTING INSTALLATION
Maurício Cardoso
Mauro Silva

STAGING & SIGNAGE INSTALLATION
2M Deisgn
Grupo Beta3 Sign
Carlos Roberto Marcenaria
Biostec - pisos e cilindros
Rcolor - Fotosfera
Victorigor

AUDIOVISUAL COLLECTION & PRODUCTION
Michel Salibe
Roberto L. N. Aranha

GRAPHIC ANIMATION
Guillermo Planel

VIDEO EDITING
Diego Madi Dias
Joana Collier
Michel Salibe
Monique Rodrigues
Rafael Ruzene
Takumã Kuikuro

PHOTOGRAPHY
Alice Kohler
Ana Gabriela Morim
Chang Whan
Celso Maldos
Deborah Castor
Devin de Wulf
Diego M. Dias
Fernando Valdivia
George Magaraia
Gérôme Ibri
Gustaaf Verswijver
Luisa E. Belaunde
Mário Vilela
Paulo Múmia
Renato Delarole
Thiago L. C. Oliveira
Thomas Reis
Viviane Baeke

CATALOG GRAPHIC DESIGN
Helena de Barros
Maria Lucia Braga

ADMINISTRATION COORDENATION
Rosilene de Andrade Silva

SCIENTIFIC EDUCATION COORDINATION
Carlos Augusto Da Rocha Freire

CULTURAL HERITAGE COORDINATION
Ione Helena Pereira Couto

TECHNICAL-SCIENTIFIC COORDINATION
Sonia Maria Otero Coqueiro

DIRECTOR OF THE MUSEU DO ÍNDIO
José Carlos Levinho

PRESIDENT OF FUNAI
Franklimberg Ribeiro de Freitas

MINISTER OF JUSTICE
Torquato Lorena Jardim

PRESIDENT OF BRAZIL
Michel Temer

PARTNERSHIP
UNESCO | Musée du Quai Branly, Paris | PPGSA, IFCS, UFRJ

IMPLEMENTATION
SAMI | MUSEU DO ÍNDIO | FUNAI | MINISTÉRIO DA JUSTIÇA | GOVERNO FEDERAL

Indigenous Languages and Culture Documentation Programme (PROGDOC)
FUNAI/UNESCO/Museum of the Indian

PROGDOC is a project involving indigenous communities. It aims to record the knowledge, both material and immaterial, produced by the indigenous peoples of Brazil, with a view to preserving the collections safeguarded by the project and making them accessible. PROGDOC is the result of a partnership between the Museum of the Indian and the National Indian Foundation (FUNAI) in association with UNESCO–Brazil and the Banco do Brasil Foundation.

Créditos: todas as mídias
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes. Portanto, ela pode não representar as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
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