"Um Músico, um Mecenas" é um ciclo de concertos com instrumentos históricos da coleção do Museu Nacional da Música. Este ciclo procura divulgar um dos mais importantes acervos instrumentais da Europa, com a ajuda de músicos de exceção, portugueses e internacionais, que atuam pro bono e dão voz a tesouros nacionais e peças de grande valor histórico. Esta exposição evoca a história deste ciclo desde a sua primeira temporada em 2013 até 2018.
Adoração do Cordeiro Místico (séc. XVI) de Autoria desconhecidaMuseu Nacional da Música
Os concertos do ciclo são autênticas viagens à coleção do Museu Nacional da Música, dando a conhecer os instrumentos através de concertos comentados e de uma contextualização histórica estendida, muitas vezes, ao repertório escolhido.
A manutenção e interpretação dos instrumentos musicais e a comunicação da história de cada um deles são fatores intimamente ligados e que resultam numa ação concertada entre o Museu e os mecenas do ciclo (músicos, construtores / restauradores e outros parceiros).
Virginal (1620) de Joannes RuckersMuseu Nacional da Música
No final da temporada de 2018 o ciclo registará 53 concertos, interpretados por mais de 50 músicos com recurso a 24 instrumentos históricos da coleção do Museu, 6 destes restaurados graças ao trabalho desenvolvido, mas vários outros intervencionados e mantidos.
Cravo (1758) de Joaquim José AntunesMuseu Nacional da Música
O cravo Antunes de 1758 marcou presença em todas as temporadas do ciclo “Um Músico, Um Mecenas” entre 2013 e 2018, sendo, juntamente, com o violoncelo ‘Stradivarius’ o instrumento mais representado. José Carlos Araújo (em 4 ocasiões), Joana Bagulho, Jenny Silvestre, Enno Kastens, Michele Benuzzi, Cristiano Holtz, Flávia Castro, Masumi Yakamoto e Miguel Jalôto foram os cravistas que tiveram oportunidade de dar vida a este instrumento, em concertos a solo ou acompanhando outros instrumentos da coleção.
Piano (1922) de C. BechsteinMuseu Nacional da Música
O piano que pertenceu ao compositor português Luís de Freitas Branco (1880-1955), foi utilizado em seis concertos do ciclo por Duarte Pereira Martins, João Paulo Santos (em duas ocasiões), Jill Lawson, Luís Costa e Akari Komiya, acompanhando os violoncelos ‘Stradivarius’ e "Lockey Hill" e a viola de arco construída por Francesco Emiliani. O concerto de Luís Costa, que acompanhou o seu irmão Fernando Costa, seria gravado pela RTP2.
Violoncelo (1 .ª metade século XIX) de Henry Lockey HillMuseu Nacional da Música
O violoncelo "Lockey Hill" que pertenceu à violoncelista portuguesa Guilhermina Suggia (1885-1950) brilhou em quatro concertos do ciclo, tocado por Nuno M. Cardoso (em duas ocasiões), Fernando Costa e Teresa Valente Pereira. Nos três primeiros casos, acompanhado pelos dois pianos Bechstein do Museu e, no último, integrado num quarteto de violoncelos com dois violoncelos Galrão e o violoncelo Dinis. Para que pudesse ser utilizado, o violoncelo foi intervencionado pelo luthier Christian Bayon.
Violoncelo (1725) de António StradivariMuseu Nacional da Música
Sendo umas das peças mais emblemáticas da coleção do Museu, o violoncelo Stradivarius fez-se ouvir em todas as temporadas do ciclo, tal como o cravo Antunes de 1758. Tendo em vista a sua preservação, este violoncelo é tocado apenas um número muito limitado de vezes por ano. No conjunto das temporadas esse privilégio coube a Irene Lima, Levon Mouradian e Pavel Gomziakov (em duas ocasiões, cada) e Clélia Vital, Paulo Gaio Lima, Marco Pereira, Maria José Falcão, Filipe Quaresma e Varoujan Bartikian.
Pianoforte (1763) de Henri-Joseph van CasteelMuseu Nacional da Música
O pianoforte van Casteel é um dos raríssimos pianofortes originais construídos em Portugal que chegaram até nós e celebrou em 2013 os seus 250 anos. Graças à visibilidade conseguida com o ciclo foi possível avançar com o seu restauro, intervenção desenvolvida por Geert Karman. Na sequência do trabalho desenvolvido, o pianoforte seria tocado em três concertos por José Carlos Araújo (em duas ocasiões) e Pieter-Jan Belder.
Violino (1780) de Joaquim José GalrãoMuseu Nacional da Música
O violino ‘Galrão’ de 1780 é um dos dois violinos da autoria de Joaquim José Galrão que integram a coleção do Museu Nacional da Música. Seria tocado por Raquel Cravino em 2013 e por Daniel Bolito em 2017, concertos em que acompanhou um violoncelo do mesmo construtor e o cravo Antunes de 1758 assim como o piano Bechstein de 1925 e o violoncelo Dinis de 1797.
Violoncelo (1769) de Joaquim José GalrãoMuseu Nacional da Música
Este violoncelo é da autoria de Joaquim José Galrão e pertenceu a el-rei D. Luís I. No decurso do ciclo seria tocado por Nuno M. Cardoso, Amarilis Dueñas Castán, Raquel Reis e Marco Pereira, em concertos onde foi acompanhado por outros violoncelos da coleção (Galrão de 1781, Lockey Hill e Dinis), um violino (também Galrão) e o cravo Antunes de 1758.
Viola de gamba baixo (1.ª metade do séc. XVIII) de Pieter RomboutsMuseu Nacional da Música
Viola da Gamba da autoria do prestigiado construtor Pieter Rombouts (1677-1749), discípulo de Hendrick Jacobs. Datado da primeira metade do século XVIII e construído em Amesterdão, este instrumento foi tocado, em 2014, por Birgund Meyer-Ohme e, em 2016, por Sofia Diniz, concertos em que foi acompanhada pelo cravo Antunes de 1758.
Oboé (1.ª metade séc. XVIII) de Johann Heinrich EichentopfMuseu Nacional da Música
Johann Heinrich Eichentopf foi provavelmente o mais proeminente construtor de sopros da sua época. O oboé da sua autoria que integra a coleção do Museu é um instrumento de extrema raridade. No contexto do ciclo foi tocado por Pedro Castro juntamente com uma cópia moderna da autoria do construtor português Diogo Leal, o que possibilitou a comparação do som dos dois oboés.
Violoncelo (1781) de Joaquim José GalrãoMuseu Nacional da Música
Esperanza Rama, Martin Henneken e Fernando Costa foram os músicos que se encarregaram de tocar o violoncelo Galrão de 1781 durante o ciclo. Nos concertos realizados, este foi, curiosamente, acompanhado pelo violoncelo do mesmo construtor de 1769 e, num outro caso, também pelos violoncelos Lockey Hill e Dinis.
Violoncelo (1797) de Félix António DinisMuseu Nacional da Música
O violoncelo Dinis de 1797 foi apresentado em quatro concertos do ciclo, beneficiando de uma intervenção da da luthier Elise Derochefort. Diana Vinagre (em duas ocasiões), Gonçalo Lélis e Nuno M. Cardoso foram os músicos que lhe deram vida, acompanhando o órgão Fontanes, três outros violoncelos (dois Galrões e o Lockey Hill) e o piano Bechstein de 1925 em conjunto com o violino Galrão de 1780.
Órgão (1780/1790) de Joaquim Antonio Peres FontanesMuseu Nacional da Música
O órgão da autoria de Joaquim António Peres Fontanes, considerado um dos mais relevantes organeiros portugueses, é um dos tesouros nacionais da coleção do Museu. No decurso do ciclo foi tocado por Miguel Jalôto em dois concertos nas temporadas de 2015 e 2016, acompanhando, nas duas ocasiões, o violoncelo Diniz tocado por Diana Vinagre.
Tiorba (1608) de Matheus BuchenbergMuseu Nacional da Música
A tiorba de 1608 do construtor Matheus Buchenberg é um dos instrumentos restaurados no âmbito do trabalho desenvolvido para o ciclo, neste caso graças ao patrocínio de Agostinho da Silva (Grupo CEI-Zipor). O restauro, realizado em 2014, esteve a cargo de Orlando Trindade e veio possibilitar a utilização da tiorba em 4 concertos por outros tantos músicos: Hugo Sanches (com a soprano Manuela Lopes e Pedro Sousa Silva nas flautas), Pietro Prosser, Helena Raposo (com Orlanda Velez na voz) e Vinicius Perez.
Piano (1925) de C. BechsteinMuseu Nacional da Música
O piano de cauda Bechstein datado de 1925 foi mais um dos instrumentos restaurados graças ao trabalho desenvolvido para o ciclo, neste caso pela empresa pianos.pt. Uma vez restaurado tornou-se um dos instrumentos com presença mais recorrente, tocado por Duarte Pereira Martins (em três ocasiões), Marina Dellalyan, Joana David, Anne Kaasa, António Rosado e Lucjan Luc em concertos onde acompanhou vários violoncelos e violinos da coleção.
Clavicórdio (1783) de Jacinto FerreiraMuseu Nacional da Música
Dada a sua fragilidade, o clavicórdio da autoria de Jacinto Ferreira datado de 1783 não foi efetivamente tocado no decurso do ciclo. No entanto, uma cópia moderna deste instrumento seria utilizada por Cremilde Rosado Fernandes num concerto de 2015 em que o público pode apreciar o original em contraponto com a cópia.
Fagote (1801) de Heinrich GrenserMuseu Nacional da Música
O fagote da autoria do construtor alemão Heinrich Grenser foi utilizado por Hugues Kesteman num concerto com o Ensemble Contágio Barroco formado também por Filipa Oliveira (flauta de bisel), João Paulo Janeiro (cravo) e Remi Kesteman (violoncelo).
Clavicórdio (1730/1760) de Autoria desconhecidaMuseu Nacional da Música
Originário da região de Aveiro, este clavicórdio de autor desconhecido é um dos tesouros nacionais da coleção do Museu, tendo sido tocado por José Carlos Araújo num concerto onde interpretou música ibérica do século XVIII.
Clavicórdio (séc. XVIII) de Autoria desconhecidaMuseu Nacional da Música
O clavicórdio setecentista de autoria desconhecida que se pensa ter sido construído na Alemanha foi, ao longo do tempo, tocado em ocasiões pontuais, a última delas por José Carlos Araújo num concerto da temporada 2016 do ciclo, em que utilizou também outro clavicórdio da coleção.
Guitarra Portuguesa (1959) de Joaquim GrácioMuseu Nacional da Música
A guitarra portuguesa da autoria de Kim Grácio, doada ao Museu por António Brochado da Mota em 2015, foi o instrumento utilizado por Luísa Amaro e António Chainho nos concertos que realizaram para o ciclo “Um Músico, Um Mecenas”, respetivamente em 2016 e 2017.
Violino (1867) de António Joaquim SanhudoMuseu Nacional da Música
O violino de 1867 de António Joaquim Sanhudo foi o instrumento utilizado por Daniel Bolito para interpretar Beethoven e Brahms no concerto de encerramento da temporada 2016 do ciclo, contando para o efeito com o acompanhamento do piano piano Bechstein de 1925.
Viola de Arco (1748) de Francesco Emiliani e Francesco EmilianiMuseu Nacional da Música
Roxanne Dykstra foi a violetista encarregada de apresentar a violeta de 1748 da autoria do construtor Francesco Emiliani, num concerto da temporada de 2018 onde foi acompanhada pelo piano Bechstein de 1922.
Cravo (1789) de João Baptista AntunesMuseu Nacional da Música
O cravo Antunes de 1789 foi mais um dos instrumentos restaurados por Geert Karman na sequência do trabalho desenvolvido para o ciclo. Será estreado na temporada de 2018 num concerto onde será apresentado em conjunto com o cravo de 1758 por José Carlos Araújo e Miguel Jalôto, seguindo-se um outro concerto a realizar por Cremilde Rosado Fernandes.
Cravo (1782) de Pascal-Joseph TaskinMuseu Nacional da Música
Tesouro nacional e instrumento de enorme valor, o cravo Taskin aguardava há vários anos a conclusão do seu restauro, o que aconteceria finalmente em 2018, num processo que envolveu vários intervenientes: Ulrich Weymar (restauro organológico), Instituto José de Figueiredo (restauro dos elementos decorativos), Geert Karman (harmonização, afinação e substituição de saltarelos), além de vários outros colaboradores. Uma vez concluído este processo, o cravo será finalmente apresentado em concerto em 2018.
Piano (1844) de Boisselot et FilsMuseu Nacional da Música
O encerramento da temporada 2018 do ciclo ficará por conta do piano Boisselot & Fils que o compositor e pianista Franz Liszt (1811-1886) trouxe consigo em 1845, aquando da sua passagem por Portugal. Este instrumento encontra-se em processo de restauro, sendo mais uma das peças emblemáticas da coleção do Museu que ficará em condições de ser tocada na sequência do trabalho desenvolvido para o ciclo.
SUPERVISÃO
Graça Mendes Pinto
COORDENAÇÃO
Rui Pedro Nunes
TEXTOS
Rui Pedro Nunes
TRADUÇÃO
Catarina Silva, Fernanda Maciel, Marisa Rocha, Rui Pedro Nunes, Sara Ferreira
FOTOGRAFIAS
Direção-Geral do Património Cultural / Arquivo de Documentação Fotográfica (DGPC/ADF), Museu Nacional da Música, Aurática
O ciclo "Um Músico, Um Mecenas" é um projeto idealizado e coordenado por Helena Miranda no Museu Nacional da Música.
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