Representação de um trecho de fachada de edifício parcialmente soterrada, sendo visível a padieira de uma porta e parte do respectivo vão, duas frestas estreitas e, sobre a porta, parte de uma janela (?). A composição desenvolve-se em três faixas que definem dois planos, um primeiro mais homogéneo com camada de tinta diluída, suavemente texturada pelo efeito da pressão dos dedos, o seguinte, em cuja zona inferior se situa a porta, é produzido com pincelada curta e empastada. A faixa superior tem subjacente uma camada texturada pelo mesmo recurso que a do primeiro plano, sobre a qual foram depois aplicados toques de espátula. Toda a representação do espaço assenta aqui na justaposição de planos de cor, marcados pelo vão da porta chegado à direita e as duas frestas negras que o ladeiam, posicionando aí o eixo da composição. Com esta pochade entendem alguns autores que Pousão radicaliza o modo de pintar que parece ter iniciado com a obra "Escadas de um pardieiro" (Inv. 83 Pin MNSR) dada a indiferença para com o motivo, aqui no limite de qualquer possibilidade de identificação, e o total investimento na pesquisa plástica em torno da matéria.