"Barcos à Descarga no Rio Douro" ou, como anteriormente foi designada "Manhã no Cais de Gaia", é uma entre várias pinturas do autor que representam cenas do quotidiano ribeirinho nas margens do rio Douro, junto à cidade do Porto. A esta obra obra podemos associar o que já se disse sobre o pintor: "o intérprete mais justo e sincero da nossa luz". A luz intensa duma manhã de sol em equilibrado diálogo com o cromatismo bem característico do Porto, invade o quadro, vibra em pinceladas largas e curtas, em manchas construtivas libertadas de minúcia de contorno. A inesperada mancha que atravessa o quadro no sentido horizontal, o barco de grande porte que sobe o rio, que o faz presente mas não o deixa ver, quebra a verticalidade da representação e faz a divisão de planos pela separação das duas margens. Em 1929, integrado na representação portuguesa na Exposição Ibero-Americana de Sevilha, é apresentado um painel, da autoria de Joaquim Lopes, designado "Carregamento de vinho e cortiça" que representa o mesmo trecho do rio e o mesmo cargueiro mas de uma tomada de vista mais abrangente e com figuras masculinas rolando as pipas.