"Mas acontece que eu, em certo momento da minha vida, da minha obra, tomei como modelo o carretel, que é uma forma por si geométrica. Eu colocava o carretel sobre uma mesa assim como faz um pintor de naturezas-mortas, que colocava antes umas laranjinhas, frutinhas, uns bules, umas coisas, objetos, tudo aquilo que tinha no ateliê. Em dado momento eu incorporei esse carretel e depois apenas o carretel passou a ser modelo. Aí então tinha a mesa. Depois a mesa desapareceu e o último resquício da mesa era apenas a linha horizontal. E finalmente desapareceram os carretéis. Perderam a intensidade, o peso, um certo realismo e levitaram."
COCCHIARALE, Fernando; GEIGER, Anna Bella. Abstracionismo geométrico e informal, a vanguarda brasileira nos anos cinqüenta. Rio de Janeiro: Funarte, 2004. p. 181-182.
"[...] A obra de Iberê Camargo também indica uma compreensão da gravura como forma de calar os seus apelos mais ilustrativos. Todos os assuntos de sua pintura foram também testados em gravuras. Muitos críticos perceberam a qualidade pictórica de sua obra gráfica. O próprio artista o admitiu lembrando que também Rembrandt e Goya faziam gravuras pictóricas. Mas certamente não podemos falar de uma mera transposição da imagem pictórica para a técnica da gravação e impressão. O que sequer faria sentido, quando vemos o empenho e a seriedade com que Iberê se dedicou ao estudo e ao ensino da arte da gravura."
SIQUEIRA, Vera Beatriz. Cálculo da expressão: Oswaldo Goeldi, Lasar Segall e Iberê Camargo. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2010. p. 29.