Stefan Zweig (1881 - 1942). Momentos Decisivos da Humanidade. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, Waissman, Koogan Ltda., 1936.
Dedicatória na falsa página de rosto: Á son Excellence Le Président de la Republique de Brazil Dr. Getulio Vargas le plus reconnaissant des visiteurs de Brazil Stefan Zweig.
A dedicatória do autor não possui data, mas foi anterior à sua mudança para Petrópolis, quando ainda era visitante no Brasil. Pode ter sido na ocasião do lançamento de seu livro, já que gozava do prestígio dos acadêmicos - nem todos escritores -, mas não da intelectualidade brasileira. Stefan Zweig veio ao Rio de Janeiro em 1936 pela primeira vez, a convite do recém fundado PEN Clube do Brasil. A capa original da edição brasileira – inexistente no exemplar da Coleção Getulio Vargas do Museu da República – foi desenhada por Di Cavalcanti.
O casal Stefan Zweig e Lotte Altmann (Elizabeth Charlotte Altmann) se mudou para Petrópolis depois de viver nas cidades inglesas de Londres e Bath e em Nova Iorque, após deixar a Áustria em 1934, devido à ascensão das tropas de Hitler. Antes disso, porém, houve viagens ao Brasil para o autor ministrar palestras – a primeira, em 1936, a caminho da Argentina; a segunda, em 1940. Em 1941, mudou-se em definitivo para Petrópolis. Stefan Zweig morreu na noite de 22 para 23 de fevereiro de 1942, em Petrópolis, desesperançoso com relação aos acontecimentos mundiais futuros, suicidando-se com sua esposa – as manchetes dos jornais de 18 de fevereiro informavam sobre o primeiro navio brasileiro torpedeado por submarinos alemães. O autor austríaco talvez não tenha tido conhecimento da carta que Vargas escrevera a seu pai no dia 5 de fevereiro desse mesmo ano, comunicando a opção brasileira contrária ao Eixo (Alemanha, Itália e Japão), a favor dos Aliados (Inglaterra e França), nem do documento assinado a 28 de janeiro de 1942. Dada a trajetória humanista e pacifista de Zweig, faria sentido um protesto existencial tão expressivo.