Representação de um trecho de paisagem arquitectónica em que o espaço é construído numa sucessão de planos brancos, entrecortados por faixas de vegetação e pequenos apontamentos de cor muito pontuais. A pincelada é solta nos planos mais aproximados, os volumes são apenas apontados, a tinta distribuída em pequenos empastamentos, com a mistura da cor no branco feita directamente no suporte. Já nos dois volumes arquitectónicos e no reticulado da treliça, à direita, a tinta é diluída e escassa deixando, nalguns pontos, o suporte à vista. No céu, também ele branco e luminoso, a matéria volta a adensar-se na desordem das pinceladas. Toda a representação do espaço assenta na articulação de planos brancos, na geometria das massas de vegetação e dos edifícios ao fundo e por outro lado no potencial estruturante da pincelada, aqui levado ao extremo pela utilização dos brancos nos distintos elementos da composição. Nesta obra Pousão repete um sistema de concepção e organização semelhante ao que iniciara com algumas das obras realizadas em Roma (Escadas de um pardieiro Inv. 83 Pin MNSR ou Fachada de casa soterrada Inv. 107/ 36 Pin MNSR, por exemplo). Liberta-se da ideia de narrativa, indiferente para com o motivo, no limite da possibilidade de identificação, evidenciando o investimento na pesquisa plástica em torno da matéria.