GESTÃO PÚBLICA
VERONICA MOREIRA
O
Ministério da Cultura, his-
toricamente, sempre foi con-
duzido por respeitáveis per
sonalidades do segmento
politico e intelectual do pais. Contudo, o
trabalho desenvolvido pelos gestores da
Pasta nunca teve grande visibilidade
popular, pois, em momento algum da
história, recebeu de um presidente da
República, a merecida atenção e o supor-
te orçamentário compatível com sua re
levância social.
Em fevereiro de 2003,
Luiz Inácio Lula
da Silva assume o governo federal, e traz
consigo, a proposta de desenvolver uma
nova politica cultural no país. Uma politi-
ca pública que pulverizasse a arte popu-
lar brasileira no interior e possibilitasse
um artista desconhecido de qualquer ci-
dadezinha do Acre ou do Rondônia, apre
sentar um projeto cultural em favor do
desenvolvimento intelectual da população
de sua terra ao Ministério da Cultura, e
receber o mesmo tratamento dispensado
aos grandes artistas do Rio de Janeiro e de
São Paulo. Lula queria que seu ministro
da Cultura revisse o processo de distri-
buição de recursos federais, até então,
recionado apenas para as grandes produ-
goes artísticas, apresentadas somente nos
grandes palcos do Brasil, privilegiando em
tese, autores consagrados, artistas famo-
sos e um público seleto
O presidente da República queria pro-
mover uma ação planejada e organizada
na área cultural, ampliando ao máximo
Os números de pontos de cultura nos mu-
nicipios brasileiros. A prioridade seria
concentrar as atividades em locais com
problemas sociais, em especial nas áreas
de baixo Indice de Desenvolvimento Hu-
mano (IDH). A idéia era transformar a
Cultura em instrumento de inclusão so
cial e de cidadania, assegurando o acesso
da população pobre do país aos bens cul-
turais, a qualificação do ambiente social
das cidades, à geração de oportunidades
de trabalho, emprego e renda.
Uma gestão irretocável
Brasil desenvolve a melhor e mais abrangente política cultural de sua história
Eu Faço
Cultura
A competência administrativa e a habilidade política marcam a pasagem de Gil ne vide publica
para o Ministério da Cultura, alguém que
reunisse num só corpo, veia artistica, in
telectualidade, respeitabilidade pública,
idoneidade moral, habilidade politica e
competência administrativa. Depois de
uma análise minuciosa em sua seleta lis-
ta, o presidente optou pela escolha do
cantor e compositor Gilberto Gil.
Gil foi convocado e aceitou o desafio de
O presidente pressentiu, no entanto,
que sua louvável iniciativa seria questio-
nada por estrelas do teatro, da música,
do cinema e demais segmentos da arte
brasileira, acostumadas com o privilégio
governamental que ele queria acabar.
para conter as duras críticas que alguns
artistas e intelectuais iriam fazer ao seu
governo, o presidente decidiu nomear
desenvolver uma revolução cultural no
pais, cuja profundidade e abrangência, po-
sibilitasse o acesso da população à arte e
ao conhecimento histórico do Brasil.
Hoje, cinco anos mais tarde, até os crí-
ticos mais algozes do Governo Lula,reco-
nhecem o éxito do seu trabalho. Com ine-
ditismo, Gilberto Gil tem levado o Minis
tério da Cultura para as comunidades po-
bres das regiões metropolitanas e do inte
rior do pais, deixando por onde passa, a
marca de um Brasil que se reencontra, se
reorganiza, resgata sua auto-estima e se
reconhece como uma grande nação.
Além da revisão conceitual sobre a
maneira elitista como a Cultura era ge-
rida no país, outra marca da gestão de
Gilberto Gil à frente do Ministério foi a
interatividade estabelecida entre gover-
no e a sociedade civil, promovida atra-
vés de fóruns, debates, seminários e con-
ferencias, com o objetivo de captar idéi-
as, propostas e sugestões que possam
contribuir para o fortalecimento dos
programas de cultura nos municipios do
interior do Brasil. As políticas públicas
e as ações afirmativas que vem sendo re-
alizadas pelo Ministério, terão segura
mente, resultados positivos daqui a al-
guns anos
Por tal motivo, a continuidade do
Governo Lula torna-se fundamental.
A preservação dos programas soci-
ais criados neste govemo na área cultu-
ral e educacional faz parte do plano de
combate à desigualdade, principal meta
da Agenda Social do pais para os próxi-
mos 15 anos. A interrupção desses pro-
gramas ou a mudança do atual modelo
de gestão administrativa do Brasil, com-
prometerá os resultados e invalidará
todos os esforços empreendidos nos úl-
timos cinco anos.
O presidente Lula sabe disso e já se
articula para assegurar a continuida
de dessa diretriz administrativa que
traçou. Como não poderá disputar a
próxima eleição presidencial, estuda
um nome da base do governo para su
cede-lo em 2010
Sei o quanto o Gil sofreu com isso, sei o quanto apanhou, sei o
quanto é triste. Nós tentamos fazer a Ancine e a Ancinave, era um
pré-projeto, era uma coisa que não tinha nem sido discutida no
governo, era um daqueles borrões que se faz. O Gil quase foi
massacrado. Por quê? Porque estava mexendo em interesses de
décadas, de poucas pessoas, que se beneficiavam das coisas neste Pais
PRESIDENTE LULA