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Drop the bomb!

Luisa Cunha1994

Culturgest - Fundação Caixa Geral de Depósitos

Culturgest - Fundação Caixa Geral de Depósitos
Lisboa, Portugal

AO OUVIDO
Uma voz que diz um texto com uma cadência num espaço é como um desenho que se desenvolve através das paredes de uma sala e que faz rodar a cabeça e o tronco e dar passos pela sala para o podermos ler (e, eventualmente, compreender) ou com ele ter uma qualquer sensação, uma experiência, uma súbita tristeza, um baque, uma estranheza, quase física, um desequilíbrio, um tropeço nas palavras, uma epifania.
Os sons de Luisa Cunha, os seus pequenos poemas, as repetições de palavras que ecoam, pertencem simultaneamente ao domínio da escultura e do desenho. Pertencem, por vezes, ao domínio da conversa, mas uma coisa é certa: são-nos dirigidos, são palavras ditas, escritas, gravadas, sussurradas, amplificadas, metamorfoseadas e, primeiro, escritas como se fossem desenhadas, para nós. É essa a natureza íntima do seu trabalho, que deve ser sempre ouvisto (é mesmo isso, não me corrijam, por favor), por cada um de nós. Não parece que lhe interesse nada o público, nem os espectadores. Interessa-lhe cada um de nós, pessoal e intransmissivelmente, como se em cada obra anotasse: “digo isto só para ti”.
Por vezes são descrições do próprio processo de fazer aquilo que está a ser feito, como no caso da obra, Linha #1, de 2002, cujo texto está vinculado ao próprio acto de desenhar a linha de texto. Ao lermos em volta da sala o pequeno texto circular refazemos a via peripatética da sua construção, percebemos como aquela linha é um horizonte e o horizonte é a fronteira que marca a distância de tudo o que posso ver e é também o que marca a minha situação como navegador do lugar onde estou.
Face a este desenho, o que nos interessa é que o lugar onde estamos quando o lemos foi o lugar onde a artista esteve quando o fez e os nossos olhos repetem as volutas das linhas que constroem as palavras e, de repente, percebemos que entre nós e a artista existe um espaço, mas que é temporal e não espacial, e que tudo o que importa para a obra é que nós, espectadores (cada um de nós), estamos aqui.
É esta a leveza da sua poética.

Delfim Sardo

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  • Título: Drop the bomb!
  • Criador: Luisa Cunha
  • Data de Criação: 1994
  • Localização: Lisboa
  • Dimensões físicas: 53'55''
  • Tipo: Instalação
  • Direitos: © Culturgest - Fundação Caixa Geral de Depósitos
  • Material: Instalação sonora, altifalante, leitor de CD, amplificador e voz gravada
  • Inventário: 599378
  • Fotógrafo: © Laura Castro Caldas / Paulo Cintra
Culturgest - Fundação Caixa Geral de Depósitos

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