Grande parte da obra escultórica de Rodin concentrou-se em torno de uma das suas mais importantes encomendas: a de um Portal Monumental destinado ao futuro Museu das Artes Decorativas de Paris, inspirado n’«A Divina Comédia de Dante». Esta encomenda, recebida em 1880, irá ocupá-lo durante muitos anos, sendo ocasião das mais variadas experiências. Muitos dos grupos autónomos hoje conhecidos foram inicialmente projetados para integrar as Portas.
É o caso da presente obra, provavelmente a primeira das suas tentativas de representação de um par amoroso enlaçado, baseadas na história de Paolo e Francesca. Rodin pretende transmitir uma imagem do amor, vivido em toda a sua intensidade e plenitude. A génese desta obra surge num momento de viragem no modo de Rodin encarar o amor, coincidente com a ligação que mantinha com Camille Claudel e que lhe abriu as portas para a possibilidade de coexistência da paixão física com a partilha intelectual.
Habituado a utilizar o modelo vivo para a composição das figuras, Rodin conseguiu dar mais vida aos seus corpos e mais naturalidade às suas atitudes. Trabalhou ainda por justaposição, reutilizando na composição deste grupo figuras criadas anteriormente. Não restam dúvidas que a figura feminina é uma derivante do «Torso de Adèle» (gesso de 1882 no Museu Rodin, Paris).