"De 1981 é um óleo que representa frontalmente seu rosto, como se tivesse sido pintado de memória, sem a assistência do espelho. Em uma incontestável afirmação de sua subjetividade não o intitula 'autorretrato' e sim, Eu. Os rosas que abundam em sua paleta dos primeiros anos da década de 80, tingem o rosto que flutua ocupando todo o alto da tela. As sobrancelhas negras, abundantes, e muito marcadas são um estilema de seus retratos da maturidade. Iberê tinha 68 anos e se representava com os olhos vazios, cegos, não os necessitava para retratar-se. Sem dúvida, pintava-se sob um olhar interior que o mostrava como uma máscara, como um enigma, o arquétipo da insondável natureza do homem. 'Pinto porque a vida dói', costumava dizer Iberê [...]."
HERRERA, María José. Iberê Camargo: um ensaio visual. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2009. p. 16.
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