Esta escultura impõe-se pelos seus valores naturalistas, sublinhados por um sensitivo e pormenorizado tratamento das formas, mas que se ajustam a uma linguagem modernista de inícios da década de 20. A memória de uma graciosidade académica, registada nas linhas sinuosas deste nu, desenvolvidas em espiral, adapta-se a uma hesitante proposta de modernidade, perceptível pelo dinamismo do movimento no instante de captação da figura. A sensualidade do momento e uma tímida gestualidade feminina, em ambígua atitude de ocultar e revelar o corpo, acentuam-se na sua carnação lisa que a fundição em bronze salienta e no detalhe formal, explorando as possibilidades da matéria e da produção escultórica. (Maria Aires Silveira)