A papoila pode considerar-se uma das flores emblemáticas da Arte Nova pelas suas conotações simbólicas com o mundo onírico. Este pendente, constituído por um rosto feminino, de frente, executado em vidro opalino, é envolvido por uma cabeleira de prata patinada encimada por um toucado, também em prata, formado por várias papoilas abertas. Dos cabelos que emolduram a parte inferior do rosto pende uma pérola barroca de consideráveis dimensões.
Lalique demonstra aqui as suas qualidades de escultor a que não serão alheias as influências do sogro Auguste Ledru e do cunhado.
Um dos temas recorrentes da obra do artista, a figura da mulher, é aqui representada por este rosto meio adormecido, talhado em vulto perfeito, em vidro moldado, emoldurado por ondulante cabeleira e toucado em prata patinada. A enorme pérola barroca pendente revela mais uma influência da joalharia renascentista, uma das fontes de inspiração do artista, que passou a utilizar as pérolas irregulares sensivelmente a partir de 1897. Também a utilização do vidro para a conceção de joias atinge aqui ponto alto na obra do joalheiro, que consegue criar joias/objetos de arte através deste material que ele tanto preza e dos diversos jogos de transparências que permite.
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