Figura de rapariga representada a três quartos e virada três quartos à direita. Está encostada a uma parede e tem a mão direita na cintura e a esquerda junto ao corpo a segurar uma pandeireta. A figura está vestida com um traje típico dos arredores de Roma, caracterizado por toucado formado com lenço branco dobrado no cimo da cabeça, lenço estampado sobre os ombros e cruzado no peito, blusa branca com as mangas cingidas no antebraço e avental negro com faixas coloridas bordadas. O cabelo negro pende cobrindo totalmente os olhos e a testa, deixando visível apenas a zona inferior do rosto. A tinta empastada num brinco e no colar de coral produz pontos de inesperados de densidade e volumetria numa composição onde quase tudo parece apostado na diluição desses efeitos. A figura "cola-se" no fundo inundado de luz intensa, projectando uma única sombra correspondente à zona da cabeça e uma espécie de aura rosada em torno da mão que segura a pandeireta vermelha. O rosto e a sua envolvente (pescoço, colar, brinco e lenço) são aliás as únicas zonas de tratamento pictórico mais cuidado e minucioso, em contraste com o de tudo o resto onde a pincelada não se perde em detalhes nem contornos, e tudo define em manchas e cor, evidenciando o desinteresse do artista pelo pitoresco do motivo em si e a clara aposta no exercício de cor e de luz. Com alguma unanimidade, os vários autores que se têm debruçado sobre esta obra frisam o seu carácter experimental e a aproximação empírica às experiências de Manet em torno da bidimensionalidade da pintura.
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