Sara Ramo busca desvelar os elementos e os espaços ordenados em situações de desarranjo da normalidade esperada. "Fissura (da série Mapas)", obra a princípio escondida − quase inexistente a não ser por uma fresta na parede −, funciona como um olho mágico ou como um buraco de fechadura, que sacia a curiosidade de conhecer o outro lado, o avesso do espaço. Um interior totalmente diferente do imaginado, em que objetos adquirem protagonismo central em um caos cuidadosamente arranjado. Se, no exterior, a obra está associada ao cubo branco, a um ideal de perfeição, em seu interior o que se percebe é um novo mundo, no qual o que normalmente é considerado desordem e imperfeição, apresenta-se contrário ao ideal estético do espaço destinado à arte. São as entranhas desse espaço que se revelam através da fresta e, assim, ressignificam a ordem e a limpeza da sala externa.