UNIVERSOS PARALELOS CONVERGENTES
Temos aqui de tudo.
Cabeçudos, orelhudos, abelhudos, zangados, espantados; bocas, pratos, conversas, mesas, bancadas de trabalho, plintos, pequenas criaturas que olham, se olham, cheiram, máscaras e esgares, meio humanos, meio animais, meio vegetais, meio pessoas.
Esta instalação de Susanne Themlitz, na sua galeria de pequenos seres cómicos e, vá lá, trágicos, é um fragmento de um dos seus mundos. Noutras instalações tem vindo a criar outros mundos, feitos de personagens que vêm de um lugar profundo, entre a Floresta Negra, Trás-os-Montes, um sótão perdido, uma cave profunda, uma memória recôndita, uma história de infância, um livro que se sabe de cor, alguma coisa vista nalgum sítio que também construa um mundo, como um museu, ou uma galeria, ou um filme de Georges Méliès.
Os habitantes destes lugares são duendes benéficos, ou maléficos, ou contraditórios. Estes são, como o título indica, Solitários, carrancudos e ensimesmados. Sobre eles a artista escreveu um texto onde disseca as suas características, narra a personalidade fascinante, dramática, insuportável e vagamente familiar destes seres que correspondem sempre a um bocado de nós, de qualquer um de nós num momento qualquer.
Por isso, percorrê-los é efectuar um exercício de reconhecimento. Ironicamente, sempre de um outro, de alguém.
Há aqui de tudo; sobretudo, parece-nos, dos outros.
Delfim Sardo
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