Porto-Alegre foi uma das figuras artísticas mais destacadas do Segundo Reinado. Pintor, escritor, arquiteto e jornalista, foi também introdutor não só da caricatura mas também da disciplina de História da arte no Brasil, como o ensaio “Memória sobre a antiga Escola de Pintura Fluminense”, primeiro texto a tratar da história das belas-artes no Brasil. Em 1874 o imperador Dom Pedro II o nomeou primeiro Barão de Santo Ângelo, quando exercía funções diplomáticas em Lisboa, onde viria a morrer, em 1879.
Hoje se sabe que o autor desta tela é Manuel de Araújo Porto Alegre, embora antes ela fosse atribuída a Louis Auguste Moreau, artista ativo no Brasil a partir do final da década de 1830. Sobre a pedra na lateral esquerda da pintura, lê-se uma inscrição em francês: "A M Moreau souvenir de la mère d'eau" [ Ao Sr. Moreau lembrança da mãe d'água], o que parece sugerir que a obra tenha sido oferecida como um presente a um Moreau. Datada de 1833, como se pode ver ao lado da assinatura, localizada na lateral direita do quadro, acima do pássaro avermelhado e da grande bromélia, esta pintura pertence ao período parisiense de Porto-Alegre, que acompanhou Jean-Baptiste Debret, seu professor, a Paris quando de seu retorno ao país de origem, em 1831. Portanto, é possível que Porto-Alegre tenha executado a pintura de memória ou tenha se utilizado de algum esboço anterior. Vale lembrar que o próprio Debret executou três aquarelas com o mesmo tema entre 1817 e 1820, e é bastante provável que Porto-Alegre tenha tomado uma das aquarelas de seu mestre como ponto de partida para a execução desta tela.