O grupo representa uma figura feminina despida, talvez Afrodite, a Vênus dos romanos, reclinada num leito e semicoberta por um longo manto que é suspenso por três figuras de crianças aladas, personificando Eros, o Amor. A figura feminina, adormecida, recosta-se languidamente numa almofada, apoiando a cabeça na mão esquerda. As três figurinhas de Eros estão em atitude de vôo, segurando as pontas do véu: a do meio carrega nas mãos uma coroa e uma fita. Durante a época helenística, com o surgimento de estados monárquicos que substituíram as antigas cidades livres, a cultura grega passou por profunda transformação: literatos, artistas e filósofos se concentraram na análise dos problemas ligados à vida interior do indivíduo e às suas escolhas morais. Assim como na poesia, na arte figurativa a representação dos mitos tornou-se uma oportunidade para introduzir temas da existência cotidiana, enfocando situações e sentimentos íntimos do coração humano como a dor, a paixão, o desejo. Afrodite e seu filho Eros, símbolos do amor e da fecundidade da natureza, passam a ter comportamento e intenções puramente humanos e a ser pretexto para exaltar as múltiplas facetas do erotismo e da beleza feminina.
O grupo da Casa Museu Eva Klabin reúne, de forma relativamente rara, duas imagens que inspirarão posteriormente os artistas europeus do Renascimento e do Barroco: a de Eros, transformado numa criança marota, desvendando a nudez de Vênus aos olhos dos mortais e coroando a mãe com uma guirlanda de flores, marco do poder da sua beleza entre todas as deusas
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