Coro Alto

O Coro-alto, lugar de reunião das freiras do antigo convento, ficou também conhecido como a "Sala do Tesouro", dado o número de relíquias que alberga nas vitrinas de talha dourada que ladeiam o espaço. Realizados num surpreendente, porque meticuloso, trabalho de talha dourada, este conjunto de relicários apresenta poucos paralelos em Portugal. Na sua maior parte representando o busto de alguns dos principais mártires da Igreja católica, são poucos os exemplos de figuras de corpo inteiro. Particularmente notável é a modelação plástica dos rostos e das mãos, tratados com traços de individualidade, independentemente das diferentes épocas de feitura. A luz natural que ilumina o espaço faz-se através das janelas que se encontram revestidas a azulejo azul sobre fundo banco, representando heroínas bíblicas do Antigo Testamento e símbolos da Virgem. Esta sala surge como um dos locais mais importantes de todo o edifício conventual, marcado também pela presença do grande cadeiral, o soalho marchetado de madeiras do Brasil, o imponente tabernáculo com as armas de D. José I (r. 1750-1777) e a representação de Deus Pai envolvido pelas figuras alegóricas das virtudes teologais – Fé, Esperança e Caridade –, as pinturas que revestem o registo superior dos panos murais e do teto, com episódios da vida de Virgem e de Cristo, bem como os retratos quinhentistas de dois dos grandes patronos deste convento: D. João III (r. 1521-1557) e sua mulher D. Catarina de Áustria (n. 1507-m. 1578), atribuídos a Cristóvão Lopes (n. 1516 - m. 1594), datáveis de cerca de 1564.