"Ninguém discordaria que as obras de grandes dimensões produzidas pelo artista a partir de 1960 eram um acontecimento inaugural na história da pintura brasileira, pela desenvoltura sóbria dos gestos, pela escala ambiental que reclamavam, fazendo supor o pintor dialogando com o espaço, num intenso vai e vem em face das telas. Além disso, diferentemente da voga tachista que dava o tom no meio artístico brasileiro, eram pinturas que guardavam, sob superfícies de tons sombrios e quentes, um travejamento de camadas e camadas de matéria meticulosamente soldadas entre si (em um cifrado diálogo, talvez, com a pintura construtiva...), o que permite supor a precoce vocação pública dessa obra, como se já se endereçasse aos espaços anônimos das grandes cidades e pressupusesse um observador inexoravelmente à distância."
SALZSTEIN, Sônia (org.). Diálogos com Iberê Camargo. São Paulo: Cosac Naify, 2003. p. 50.
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