"No inverno de 1981, Iberê e Maria retornam ao Rio Grande do Sul, instalando-se no sobrado da Rua Lopo Gonçalves, em Porto Alegre. Nos fundos, o ateliê, onde ele prossegue seu enfrentamento com a tela em branco, tendo como testemunhas mais permanentes a esposa Maria e o gato Martim.
Leva uma vida reclusa: não vai ao teatro, ao cinema, e muito menos a festas. Vernissages sim, mas poucas. Sua companheira de mais de 40 anos está sempre ao seu lado, vigilante. Fotografa e cataloga cada uma de suas obras, secretaria Iberê nos mais variados assuntos, além de ser sua modelo mais constante. Maria é a silenciosa figura que se tornou a cúmplice da trajetória que fez de Iberê, não apenas um mestre da arte brasileira, como diz Ferreira Gullar, mas o 'protagonista de uma aventura estética que dá nova dimensão a nossa pintura'.
Nele, obra e vida se confundem numa trajetória densa como a massa pictórica de suas telas e espessa como cada uma de suas palavras e gestos. Nada é gratuito ou desprovido de sentido no homem Iberê e este sentido sempre aponta para o universo das artes, com a verdadeira fé dos iniciados. Em Iberê, as intenções são espessas como o seu cenho."
Trechos do depoimento de Evelyn Ioschpe para o livro Iberê Camargo, publicado pela Funarte, pelo Instituto Nacional de Artes Plásticas e pelo MARGS, em 1985.
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