A identidade espiritual, cultural e política das comunidades arménias foi conquistada e assegurada, ao longo dos tempos, pela Igreja Arménia. Após a invenção do alfabeto arménio e a tradução da Bíblia, no século V, o legado cultural da Igreja, principalmente no que diz respeito às artes do livro, adquire uma identidade cultural própria e segue um percurso onde se cruzam influências persas, bizantinas e sírias.
Constantinopla (hoje Istambul) foi um dos centros do patriarcado arménio onde esta Bíblia foi encomendada por Khodja Nazar, um comerciante arménio abastado da comunidade de Nova Julfa na Pérsia. A informação sobre o encomendador e o escriba, Hakob, está incluída no cólofon principal como, aliás, é comum nos manuscritos arménios.
A miniatura de página dupla ilustra o início do primeiro livro do Antigo Testamento, o Livro da Génese. Os seis dias da criação do mundo estão representados em medalhões laterais e na área central, sobre um fundo dourado, a criação de Adão e Eva, a cena da tentação e da expulsão do Paraíso.