MICRO X MACRO
Entre a subjectividade da memória e a mais rigorosa formalidade da escultura constrói-se a obra da artista brasileira Valeska Soares, desde 1992 residente em Nova Iorque. Das suas instalações podem fazer parte inúmeras categorias de objectos encontrados e reunidos ao longo dos anos (caixas de madeira, bancos e cadeiras, papéis de rebuçado), mas também objectos formalmente esculpidos, por vezes de um rigor enorme, flirtando permanentemente com a beleza e o narcisismo, como acontece nas várias instalações em que usa espelhos nos quais o espectador se vê reflectido.
As instalações de Valeska Soares são situações, propostas de deambulação para o espectador nas quais o carácter doméstico dos objectos é erigido em monumentalidade, quer pela escala da repetição, quer pela forma como, articulados, possuem um eco de grandiosidade que os faz sair da escala subjectiva para passarem à dimensão épica.
Entre a pequena memória e a grande recolecção, entre a fragilidade do indício e a monumentalidade da escala, Valeska Soares põe o dedo na ferida dessa fenda que pulsa no limbo entre a banalidade do quotidiano e a excepcionalidade da arte.
Delfim Sardo
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