A citação de alguns fragmentos do poema Liberté de Paul Éluard quase subsume a presença de figuras levando ao extremo a relação já iniciada de permutabilidade e equivalências entre a ordem visual dos signos e a sua escrita. Nesta pintura os versos do poema ocupam áreas delimitadas da superfície do quadro, que lhes conferem valores topográficos. A inscrição do poema é também uma clara afirmacção política de ruptura com a situacção repressiva portuguesa e uma declaracção do espaço de liberdade que a própria obra de arte implica. A proximidade que neste ano de 1963 Joaquim Rodrigo encontrou com a pintura aborígene da Austrália insinua-se na sobreposição de traçados lineares em rede, delimitacção de áreas específicas e sobretudo na afinidade com a teoria da cor desta cultura a que a sua investigacção o havia conduzido. (Pedro Lapa)