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Lucy na rede

Lasar Segall1940

Casa Museu Eva Klabin

Casa Museu Eva Klabin
Rio de Janeiro, Brasil

A única pintura modernista do acervo da Casa Museu Eva Klabin lembra as relações familiares da colecionadora com o pintor Lasar Segall, marido de Jenny Klabin, artista e escritora, conhecida pelas clássicas traduções do Fausto de Goethe e de grandes obras do teatro antigo. No quadro é representada a pintora Lucy Citti Ferreira, aluna de Segall, que foi sua modelo preferida numa série de retratos e pinturas a partir de 1935 até 1947, quando Lucy voltou definitivamente a Paris para continuar sua carreira. A obra da Casa Museu Eva Klabin destaca-se na produção de Segall do começo da década de quarenta, caracterizada por tons sombrios e pela angustiada participação no drama da guerra e da perseguição racial na Europa, por uma atmosfera idílica e serena traduzida pelo perfeito equilíbrio da composição e das áreas coloridas. O corte da figura vista de cima de uma posição muito próxima, e colocada numa diagonal cortando a tela de um extremo ao outro, quase permite sentir o respiro da moça adormecida pacificamente na rede, tamanha é a capacidade do pintor de comunicar as sensações por meio da técnica pictórica, uma técnica em que está certamente presente a experiência da Nova Objetividade alemã de Dix e de Pechstein, alcançando, no entanto, resultados opostos à violência expressiva dos dois artistas expressionistas e traduzindo a calma da hora tranqüila no silêncio do verde. As feições do rosto da jovem são realizadas de maneira simplificada e sumária, com resultados bem distantes dos padrões de beleza da tradição ocidental, a ponto de lembrar uma máscara africana ou um ídolo hindu. O candor da pele do rosto contrasta com a massa pesada dos cabelos densos e negros. A cor, dada de maneira construtiva e áspera, define os volumes das mangas avermelhadas e dos braços que protegem o rosto inconsciente como no sono de uma criança recém-nascida. A deformação expressiva e o vigor construtivo da figura podem ser considerados próximos de certos retratos de Madame Cèzanne também pela renúncia a qualquer efeito decorativo da cor nas gamas opacas e secas. Os troncos das árvores e as sombras esverdeadas no chão definem o espaço em que o sono da moça está suspenso por um momento no meio do tumulto da vida e dos trágicos eventos da história daqueles anos.
Entre as muitas figuras de mulheres na coleção de Eva Klabin, representando diferentes épocas da civilização humana, aquela pintada por Segall é a última na ordem temporal, mas a cultura figurativa extraordinária do seu autor parece condensar nela diferentes facetas da feminilidade, transfiguradas pela arte de todos os tempos.

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  • Título: Lucy na rede
  • Criador: Lasar Segall
  • Data de criação: 1940
  • Local: Casa Museu Eva Klabin, Brasil
  • Local de criação: São Paulo, Brasil
  • Dimensões físicas: w58 x h40 cm
  • Idioma original: Português
  • Palavras-chave do assunto: Pintura
  • Tipo: Pintura
  • Colaborador: Casa Museu Eva Klabin
  • Meio: Óleo sobre tela
  • Fotógrafo: Mario Grisolli
Casa Museu Eva Klabin

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