Carpeaux, como Rodin, tinham por hábito «aproveitar» fragmentos das suas esculturas de maior dimensão e dar-lhes vida própria. Foi o que aconteceu com este «Amour à la Folie», composição extraída do grupo «d’A Dança» (inaugurado em 1869), grupo decorativo executado pelo escultor, a convite do seu amigo arquiteto Charles Garnier, para decorar a fachada da Opera de Paris. «L’Amour à la Folie» é a criança reclinada aos pés do Génio da Dança, com a mão direita apoiada num carcás e a esquerda erguida, agitando ludicamente um fantoche para animar a festa.
Ao executar «l’Amour à la Folie» como obra autónoma, Carpeaux manteve a postura original do Cupido, mas destacou-o da sua anterior colocação aos pés do Génio, onde estava parcialmente escondido pelos pés das bacantes. Ao retirar-lhe o estatuto de atributo do Génio da Dança, Carpeaux esvaziou a obra do seu significado inicial. «L’Amour à la Folie» passou a ser uma escultura tradicional, dentro do espírito dos «putti» do séc. XVIII, na continuação das crianças de Pigalle.
Foi o seu irmão Emile, responsável comercial pelo seu ateliê, que o convenceu a editar separadamente vários fragmentos dos seus grupos de maior dimensão, aproveitando a popularidade alcançada e de forma a transformar em lucro o prejuízo financeiro registado que, no caso «d’ A Dança» tinha sido três vezes superior ao montante recebido pela encomenda.