O retrato data de uma época em que Renoir visitou com frequência a família Monet em Argenteuil. A figura de Camille é, de resto, uma presença habitual em obras realizadas por grandes nomes ligados ao movimento impressionista, ao qual está inevitavelmente ligada.
O aspeto simultaneamente mais notável e mais inovador da pintura consiste na forma francamente impressionista como Renoir aborda o tema, conferindo a esta cena de interior uma atmosfera característica da pintura de ar livre. A distribuição difusa da luz, que se estende por toda a superfície do quadro, contribui para uma sensação de frescura geral da representação. As formas, assinaladas por pontos de focagem desiguais, encontram-se dissolvidas em grande parte da composição, desprovidas, nessa medida, de verdadeira substância. O realismo intimista que caracteriza o motivo, um registo de modernidade, reflete, entretanto, uma tendência comum à geração de Renoir. São evidentes, assim, as referências à vida contemporânea (Madame Monet lê Le Figaro) e ao japonismo em voga (a tigela em cima da mesa), bem como as alusões à arte de Goya e Manet, sugeridas pela colocação diagonal da figura alongada.
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