Jacopo Ligozzi foi pintor do grão-duque da Toscana, Fernando I de Médici. Numa carta à duquesa Eleonora, de 23 de fevereiro de 1593, um secretário do duque dava conta da partida do pintor para Ferrara, para ficar ao serviço da duquesa Margherita Gonzaga, mulher do duque de Ferrara, Alfonso d’ Este «pelo tempo que ela desejasse». Em outubro desse ano, o pintor já estava de novo em Florença, sendo então nomeado cônsul da Accademia del Disegno. O retrato da Margarida Gonzaga foi portanto executado entre a primavera e o verão de 1593, podendo a duquesa de Ferrara ser identificada, para além da fisionomia, por algumas das joias que ostenta, de impressionante riqueza. O retrato é um modelo de imagem oficial, sublinhada pela pose rígida e pelo tratamento meticuloso do vestido e dos adereços. Com a colocação sobre a mesa de uma pequena jarra de vidro com flores, apontamento «à flamenga», o pintor tenta amenizar um pouco o excessivo formalismo da imagem. A pintura pertenceu à coleção de Carlos IV de Espanha e passou para a sua neta, D. Carlota Joaquina de Bourbon, rainha de Portugal pelo casamento com D. João VI.