Esta obra insere-se num núcleo de vida burguesa onde a figura feminina joga um papel fundamental na apresentação de uma mundaneidade relativamente elitista. Registe-se a marcação impressiva da pincelada que, curiosamente, se alia a um sublinhar de contorno das figuras, pouco frequente na sua pintura, diluída em jogos de luz. Numa tipica esplanada, a Varanda do Grego, Malhoa cria específicas situações cromáticas e luminosas, em jogos de sol e sombra, ao envolver um elegante casal num enredo queiroziano. A cumplicidade afectiva que assim se estabelece, entre o que é dado a ver e o que se convida a compreender, constitui um dos encantos maiores deste trabalho de raro cunho urbano, no conjunto da produção de Malhoa. (Maria Aires Silveira)