As primeiras alfaias litúrgicas utilizadas na Igreja Grande – futura Catedral do Funchal – seriam procedentes da igreja de Nossa Senhora do Calhau cuja sede de paróquia fora transferida para este novo templo, benzido em 1508. Estariam, possivelmente, em uso, por altura da dedicação da Catedral do Funchal em 1517.
Do tesouro quinhentista, encomendado pelo rei D. Manuel I, subsistem quatro peças – Porta-paz, Caldeirinha, Maça de Porteiro e Cruz processional. O conjunto inicial, de vinte alfaias, chegou ao Funchal em 1528, já após a morte do Rei, em 1521.
Entre as várias peripécias da longa história do tesouro manuelino consta a sobrevivência ao saque dos corsários franceses em 1566.
A Cruz processional é um exemplo de referência da ourivesaria manuelina. Nela está presente a simbólica régia – o escudo português e a esfera armilar – combinada com elementos do gótico final, observáveis na catedral em miniatura do nó da cruz.
Os elementos decorativos decorrentes do imaginário da expansão ultramarina surgem a par com uma linguagem renascentista que se reflete quer na modelação anatómica das figuras, quer nas narrativas representadas com recurso à perspetiva.