I - MULHER NEGRA: da Senzala ao Quilombo
Fora de sua terra de origem, reduzida à con-
dição de escrava, a mulher negra foi, durante O
periodo colonial, um instrumento tanto para o tra-
balho doméstico, como para a lavoura, as minas,
comércio.
O
Na casa grande cozinhava, servia de compa-
nhia para as sinhazinhas e de ama-de-leite para
os filhos dos senhores. Era a mucama. Servia
também, de objeto sexual do senhor branco, dos fi-
lhos deste, e dos feitores.
Com a proibição da entrada de novos escra -
vos no Brasil, a mulher negra começou a ser utili
zada para reproduzir novos escravos Algumas ti-
nham essa função específica. Havia ainda senhores
que faziam de suas escravas prostitutas para aumen
tar a sua renda.
no
Se a mulher negra poucas vezes é mencionada
nos estudos sobre esse período, nada se diz,
entanto, sobre a sua participação nas lutas pela
libertação de sua raça.
Fala-se de
Ganga Zumba e de Zumbi. Não se
fala de Aqualtune e Dandara. Consta que Aqualtune
era filha do rei do Congo e teria ido para a fren
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te de batalha comandando 10.000 guerreiros para de-
fender o reino de seu pai. Derrotada, foi vendida
como escrava para o Brasil. Viveu em Pernambuco, a
té que fugiu para Palmares, onde junto com Ganga
Zumba organizou a República de Palmares. Ela mesma
comandava um dos quilombos que compunham a federa -
ção palmariana. Dandara passou para a lenda como u
ma das guerreiras de Palmares que, após a destrui-
ção desse reduto preferiu se matar a voltar a con-
dição de escrava.
Em 1.814 eclodiu uma das mais violentas in-
surreições de negros muçulmanos em Salvador. A ca-
sa de Francisca era o esconderijo onde guardavam
as armas. Francisca e seu companheiro, ambos escra
vos, eram mencionados em papéis escritos em árabe,
apreendidos pelas autoridades, como "Rainha" e "Rei"
e desempenharam o papel de coordenadores do levante.
Luiza Mahin, inteligente e rebelde, partici-
pou ativamente de várias das insurreições baianas
contra a escravidão. Foi uma das líderes da Revol-
ta dos Malês, a última grande rebelião de escravos
ocorrida em Salvador, ano de 1.835. Luiza Mahin
consegue escapar da repressão brutal fugindo para
O Rio de Janeiro, onde continua sua luta.
teria sido deportada para a Africa. Essa
der negra passou para a história oficial
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Presa,
grande li-
apenas co-